Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Aiatolás, feministas e estudantes são alvos de censura na web

O governo iraniano está ampliando a censura online e a repressão aos cidadãos na rede. Diversos sites foram bloqueados nas últimas semanas – incluindo páginas que pertencem a dois influentes aiatolás. ‘Parece que o governo, conduzido pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad e apoiado pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, não pode mais tolerar os pontos de vista de alguns clérigos. Os sites deles respondem a necessidades espirituais e estão longe de ser fontes de informações sobre políticos da oposição’, alertou a organização Repórteres Sem Fronteiras [6/10/10].

Os sites dos aiatolás Yusef Saanei e Asadollah Bayatzanjani foram bloqueados no dia 3/10. Ambos são críticos do governo e do líder supremo e foram contrários à censura aos protestos pela reeleição de Ahmadinejad, em junho de 2009. O site do aiatolá Sied Ali Mohammad Dastghib, outro clérigo importante do país, tem sido filtrado nos últimos meses. Embora seja membro da Assembleia dos Especialistas, que elege e supervisiona o líder supremo, ele o criticou em diversas ocasiões.

Atentado à liberdade de expressão

Uma das ativistas online ameaçadas recentemente foi Noushin Ahamadi Khorasani, editora do site Feminist School. Ela foi interrogada e questionada no dia 22/9 pela câmara da corte revolucionária de Teerã, localizada dentro da penitenciária de Evin. Noushin foi solta após pagar fiança. Fundadora da campanha ‘Um milhão de assinaturas’, para mudanças nas leis a favor das mulheres, ela recebeu diversas intimações desde 2009. O seu único crime foi promover a equidade de gênero e lutar pelo direito das mulheres de expressar seus pontos de vista online.

As agências de inteligência aumentaram também a pressão contra estudantes e seus sites, desde o começo do ano acadêmico. Universitários que ajudam a produzir o Advar News, site relacionado a uma associação independente de estudantes, foram interrogados e ameaçados de prisão. Diversos membros da associação foram presos a condenados a longas sentenças no ano passado, incluindo dois jornalistas – Ali Malihi, preso em fevereiro e condenado a quatro anos de prisão, e Ahmad Zeydabadi, preso em junho, condenado a seis anos.

Zeydabadi foi o vencedor deste ano do Golden Pen of Freedom Award, emitido pela Associação Mundial de Jornais. O jornalista Akbar Ganji, ex-prisioneiro político e vencedor do prêmio em 2005, receberá este ano a homenagem em nome de Zeydabadi, no congresso em Hamburgo.