Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Após protestos, jornalistas são presos no país

Mais de 60 jornalistas foram detidos pela polícia sudanesa, por mais de três horas, após uma manifestação pacífica em frente ao parlamento em Cartum, na segunda-feira (17/11). Os profissionais de imprensa condenavam a falta de liberdade de expressão que deveria ser garantida na constituição provisória criada após o fim da guerra civil entre o norte e o sul do Sudão. ‘Eles [os policiais] nos levaram muito rudemente em um caminhão e ficaram falando sobre interrogatório. Pegaram nossos celulares e dinheiro’, contou o editor-chefe do jornal Ajras al-Hurriya, Murtada el-Ghali.


Um correspondente da emissora de TV al-Jazira afirmou que forças de segurança confiscaram a fita de sua câmera. Ele havia gravado as prisões do lado de fora do parlamento. Todos os jornalistas foram soltos posteriormente, mas tiveram que assinar um documento em que se comprometiam a comparecer ao tribunal no dia seguinte. ‘A polícia acusou os jornalistas de se reunirem ilegalmente e os fizeram assinar papéis para voltar e ser interrogados’, informou o advogado Wagdy Salih.


O Movimento para a Libertação do Povo do Sudão (SPLM), partido formado por ex-rebeldes do sul que agora compartilham o governo com o norte liderado por árabes, condenou as prisões – que vão de encontro à atitude do parlamento de aprovar uma comissão eleitoral a fim de abrir caminho para eleições livres no país. ‘Esta é uma clara violação da constituição. O SPLM condena este ato de agressão contra os jornalistas. Isto indica que a transformação democrática está ficando para trás’, disse o vice-secretário do partido, Yasser Arman. ‘O que aconteceu com os jornalistas é contrário ao que aconteceu no parlamento. Não podemos aprovar uma comissão eleitoral e barrar a liberdade de expressão’.


Contra a censura


No início de novembro, cerca de 150 jornalistas sudaneses participaram de uma greve de fome de 24 horas em protesto à censura do governo e à prisão de profissionais da mídia. Em 8/11, a segurança nacional proibiu, por três dias, a publicação de três jornais de oposição. Em apoio aos diários, outros títulos suspenderam suas publicações por 24 horas.


A constituição interina do país, criada para guiar o Sudão por seis anos após o acordo de paz de 2005, que colocou fim a duas décadas de guerra civil, deveria assegurar a liberdade de expressão. No entanto, leis que a garantiriam não foram aprovadas e policiais costumam inspecionar redações de jornais em visitas noturnas. Informações da AFP [17/11/08].