Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Apresentadores ignoram críticas

O comportamento ‘doméstico’ do casal William Bonner e Fátima Bernardes na apresentação do Jornal Nacional soa esdrúxulo, patético, para não dizer ridículo e ultrapassado. Enfim, remete-nos à era da ‘pedra lascada’. Portam-se como se estivessem no quintal de seu ‘doce lar’: conversam, gesticulam, trocam risadinhas idiotas, sem graça e reiterados olhares apaixonados.

Como se não bastasse, esse pífio modelo de telejornalismo acabou atraindo imitadores, como os apresentadores do Jornal Hoje e do Jornal da Globo, que parecem ter ‘pego’ a mesma ‘doença’, e hoje, inspirados pelo intocável ‘par’, atuam como papagaios e robôs, repetindo a mesma linha de uma extemporânea ‘descontração’.

O JN vem sendo editado à semelhança e imagem de seus apresentadores. Também pudera, William Bonner é chefe dele mesmo e da digníssima esposa! Que saudade imensa do melhor apresentador da história do Jornal Nacional: Cid Moreira! Ra! Cadê o superior hierárquico de William Bonner e Fátima Bernardes? Seja lá quem for, é um profissional negligente, omisso e irresponsável. Do contrário, já teria acabado com esse festival de palhaçadas e macaquices dentro de uma central de jornalismo que se propõe a veicular a notícia com seriedade.

É inaceitável e de uma absurda incoerência que a Rede Globo de Televisão, que tanto tem criticado o corporativismo no Brasil, permita, ‘dentro de casa’, que William Bonner e Fátima Bernardes façam o que bem entendam, como se fossem ‘donos’ da emissora. Os apresentadores incorrigíveis e pedantes do JN ignoram e desprezam solenemente as centenas de críticas que lhes são dirigidas. Julgam-se, portanto, donos absolutos da verdade, os ‘reis da cocada preta’.

A valorização do trejeito

Enquanto a ‘dupla’ faz do noticiário jornalístico de maior audiência da televisão brasileira a extensão do seu lar, temperando toda a edição do JN com demonstrações de seu ‘namoro implícito’, alguns repórteres cometem, repetidas vezes, erros clamorosos, grosseiros, que jamais são corrigidos. Sobre a postura ‘circense’ dos dois, pronunciou-se brilhantemente Marcos de Castro (ex-assessor da Rede lobo de Televisão, durante vários anos, na área de Comunicação) no seu livro A imprensa e o caos na ortografia:

No comecinho de 2004, algum inimigo lhes deve ter recomendado que deixassem a postura sóbria para levarem o telejornal batendo um papinho, por assim dizer. Um virava para o outro e fazia um pequenino comentário, um trejeito de mão, dava um sorrisinho sem sentido, balançava demais a cabeça. Numa palavra, um jornal de tradição séria rapidamente virou um circo. Uma reviravolta inacreditável, de 180 graus. A notícia era o que menos interessava; tornou-se importante, da noite para o dia, a conversinha entre os dois: valorizava-se o trejeito em prejuízo do despojamento que a notícia exige.

(Veja no site www.minhahistoria.net, já acessado por mais de dois milhões de pessoas.)

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Escritor e funcionário aposentado da Justiça do Trabalho, BA