Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Assassinato brutal de jornalista choca mídia

O assassinato do jornalista Gennady Pavluk e os ataques brutais a outros repórteres no Quirguistão estão abalando a mídia do país. ‘Eu não pude acreditar no que aconteceu com ele até vê-lo no hospital. Esperei, até o último momento, que houvesse algum tipo de erro’, desabafou Olga Kolosova, companheira há oito anos de Pavluk. Após ter sido jogado do sexto andar de um edifício, com pés e mãos amarrados, o jornalista morreu no hospital no vizinho Cazaquistão após um período em coma.

É sabido que jornalistas sofrem ameaças e intimidação no Quirguistão. No entanto, ninguém esperava por um assassinato tão brutal. Pavluk era um repórter conhecido, geralmente crítico do presidente Kurmanbek Bakiyev. Nos meses anteriores a sua morte, ele estava associado ao líder da oposição e tinha planos de abrir um jornal.

Mídia silenciada

A oposição política do ex-país soviético alega que mais de 60 jornalistas foram atacados, ameaçados, intimidados ou mortos desde 2006. O governo, por sua vez, discorda deste número e afirma que a maior parte dos ataques não está relacionada ao trabalho dos repórteres. Em um discurso recente a um comitê parlamentar, o ministro do Interior, Moldomoso Kongantiyev, disse que, nos últimos cinco anos, 31 ataques foram registrados, em sua maioria por conta de roubos ou atos de brutalidade. Destes casos, 11 foram arquivados pela polícia.

Dentre eles, estava um ataque ocorrido em março de 2009 a Syrgak Abdyldayev, que trabalhava para o jornal independente Reporter-Bishkek. Ele quase não escapou da morte após um grupo ter quebrado seus braços e o esfaqueado por mais de 20 vezes. Depois de receber ameaças de morte, Abdyldayev acabou deixando o país. ‘Não sabemos quem foram os responsáveis pelo ataque e, certamente, nunca descobriremos, mas achamos que se trata de estruturas pró-governo ou políticos’, diz Sultan Kanazarov, co-fundador do Reporter-Bishkek. O jornal está temporariamente fora de circulação, por problemas financeiros.

O número crescente de ameaças a jornalistas e, em especial, o caso de Gennady Pavluk, por sua brutalidade, atraiu a atenção internacional para a questão da liberdade de expressão no país. A Organização para Segurança e Cooperação na Europa, a União Européia e o governo dos EUA já expressaram preocupação sobre os ataques constantes a jornalistas e políticos de oposição. Ilim Karipbekov, do secretariado presidencial, garante que o governo está tomando todas as medidas necessárias para investigar cada caso. No país, mídias estrangeiras, como a Radio Free Europe e a BBC, podem funcionar, mas a maior parte da imprensa local nunca critica o presidente nem sua administração. Informações da BBC News [6/2/10].