Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Blogueiro condenado a mais de 19 anos de prisão

Hossein Derakhshan, precursor da blogosfera no Irã, foi condenado esta semana a 19 anos e meio de prisão. ‘Derakhshan foi condenado por cooperar com inimigos do Estado, fazer propaganda contra o regime islâmico, promover grupos antirrevolucionários, gerenciar sites obscenos e insultar santidades islâmicas’, divulgou o site semioficial Mashregh.


O blogueiro e ativista, de 35 anos, de nacionalidade iraniana e canadense, foi proibido de exercer atividades jornalísticas e de se filiar a partidos políticos durante cinco anos. Ele foi preso em novembro de 2008 e está detido na penitenciária de Evin, em Teerã. Seu irmão, Hamed, ficou chocado ao saber da condenação. ‘É um ataque à liberdade de expressão. Talvez eles estejam tentando torná-lo um exemplo ao dar uma sentença tão dura’, disse à repórter Salma Abdelaziz [CNN, 29/9/10]. A família irá apelar da decisão.


Hadi Ghaemi, diretor-executivo da Campanha Internacional para Direitos Humanos no Irã, condenou a decição do tribunal. ‘Esta é a maior sentença emitida contra um blogueiro no Irã e somente por conta de suas opiniões. O objetivo é enviar uma mensagem à juventude do país, para ficar longe da internet e não praticar a liberdade de expressão’, disse.


Figura controversa


O blog de Derakhshan, chamado Editor: Myself, ganhou notoriedade mundial especialmente por ajudar outros iranianos a começarem seus próprios blogs, com guias publicados em persa. O blogueiro também escreveu sobre muitos temas políticos, incluindo a liberdade de expressão e as relações do Irã com o Oriente Médio. Em 2006, ele chocou seus seguidores quando visitou Israel com seu passaporte canadense – e contou a experiência, com detalhes, no blog.


Logo antes de ser preso, Derakhshan havia começado a escrever positivamente sobre o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. ‘Ele sentia que Ahmadinejad estava fazendo bem ao Irã. A esta altura, muitos blogueiros iranianos não gostavam de suas ideias. Ele acreditava no sistema. Não acreditava que era perfeito, mas achava que podia trabalhar com o sistema para torná-lo melhor’, contou o irmão do blogueiro.