Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Canal criticado por transmitir gravação de atirador de Toulouse

 

O canal de TV francês TF1 defendeu a decisão de levar ao ar uma gravação de Mohamed Merah, que assassinou sete pessoas, incluindo três crianças, em Toulouse, há alguns meses. O áudio, no qual se ouve Merah negociando com policiais horas antes de ser morto em um tiroteio, gerou fúria entre as famílias das pessoas assassinadas e levou a uma investigação oficial.

Na gravação, o criminoso diz: “Sou uma pessoa determinada. Não sei o que fiz para ser pego”. Ele também afirma ter tido conexões com a Al- Qaeda e alega conhecer os métodos usados pela polícia. “Sei o que vai acontecer. Sei como vocês operam e sei que vocês vão me matar. É um risco. Vocês devem saber que na frente de vocês está um homem que não tem medo da morte. Eu amo a morte como vocês amam a vida”, disse.

A diretora de notícias da TF1, Catherine Nayl, argumentou que a gravação continha informações importantes e merecia divulgação. “Transmitimos com a consciência do valor da notícia. Acreditamos que este documento prova que, até o final da incursão policial, os negociadores estavam tentando prender Mohamed Merah vivo”, afirmou. Ela acrescentou, ainda, que o áudio mostrou o sangue frio e a determinação de Merah. “Todas estas informações, que são novas no caso, parecem importantes. Somos jornalistas, nosso trabalho é informar”.

O ministro do Interior, Manuel Valls, e Richard Prasquier, presidente da CRIF, órgão representativo de grupos judaicos na França, condenaram a decisão de divulgar o áudio. Michel Boyon, presidente do Conselho Superior do Audiovisual, órgão fiscalizador do setor de telecomunicações, revelou estar “profundamente chocado” pela exibição e disse que a agência não hesitará em impor penalidades ao canal.

Merah – de 23 anos – matou três soldados paraquedistas muçulmanos, além de um rabino e crianças da escola judaica Otzar HaTorah. Ele confessou os assassinatos e foi morto quando tentava fugir de seu apartamento, que ficou cercado pela polícia por 32 horas. Informações de Elad Benari [Israel National News, 10/7/12].