Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Carta Capital

LIVRO ELETRÔNICO
Felipe Marra Mendonça

O título da semana

"Mais uma semana, mais um livro eletrônico. Ou pelo menos parece ser essa a nova toada do mercado, aquecido pelo anúncio do Alex (abaixo, no Prazer de Ponta) e o lançamento oficial do Nook, livro eletrônico da Barnes & Noble, antecipado pelo blog Gizmodo e citado pela coluna na edição anterior. O nome desse último aparelho é interessante, embora peculiar. Uma tradução informal da palavra seria algo como ‘cantinho’, o que não deixa de remeter às livrarias. Sempre há um canto escondido onde folhear livros por minutos ou horas.

Aliás, parece ser esse o principal problema dos livros eletrônicos. As telas ainda não são flexíveis e folhear qualquer coisa é impossível, mas as melhorias encontradas no Nook podem deixar uma ponta de remorso nos que acabaram de pedir a versão ‘exportação’ do Kindle pela Amazon. A primeira mudança aparente é que o teclado encontrado na parte inferior do livro eletrônico da Amazon foi substituído por uma tela de cristal líquido colorida e sensível ao toque. Ela pode ser utilizada, por exemplo, para conferir o acervo de livros na memória interna, olhar a loja on-line da Barnes & Noble ou como um teclado virtual. Uma segunda inspeção do Nook mostra que os responsáveis pelo desenho do aparelho tomaram um rumo diferente do principal rival. Enquanto as diferentes versões do Kindle são aglomerações de botões, o Nook adota uma filosofia simplista e acaba com as teclas na face do aparelho. Um olhar mais descuidado acreditaria estar diante de um novo aparelho da Apple.

No coração da máquina está o sistema operacional Android, do Google. Ele remete o Nook a uma série de possibilidades. A Barnes & Noble parece aberta à ideia de permitir que sejam desenvolvidos aplicativos para o aparelho. Isso já acontece com celulares que usam o Android, com programas específicos para acessar o Facebook ou ouvir músicas pelo Spotify. O leque de possibilidades que se abriria para o usuário do Nook seria imenso. Outra vantagem do Android é que o sistema poderia, em teoria, ser facilmente modificado. Nada disso é possível com o Kindle.

Um consumidor mais cético diria que nada disso importa se a função principal do aparelho é ser um livro eletrônico, mas mesmo aí o Nook parece ter algumas vantagens. A seleção de livros disponibilizada pela Barnes & Noble é duas vezes maior do que a oferecida pela Amazon (700 mil versus 350 mil títulos) e os usuários também terão acesso aos livros digitalizados pelo Google no Books Project. O detalhe mais interessante do Nook, no entanto, é que ele permite ao usuário emprestar seus livros para amigos. Não é um empréstimo irrestrito. Um livro pode ser emprestado somente uma vez, e mesmo assim por um período máximo de duas semanas, mas é uma inovação que aproxima o livro eletrônico de um dos prazeres dos originais em papel. Nesse sentido, o Nook é aberto e mais comunitário, enquanto o Kindle é fechado, assim como seu conteúdo.

Por fim, os consumidores poderão comprar o Nook nas livrarias Barnes & Noble a partir de novembro. São mais de 800 lojas nos Estados Unidos e isso permitirá que pessoas que normalmente nem pensariam em comprar um livro eletrônico olhem e testem um deles. É provável que a maioria ainda prefira a experiência única das letras impressas em folhas de papel, mas esse primeiro encontro será importante para o Nook, o Kindle e os outros que ainda virão."

 

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O Estado de S. Paulo

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