Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

China reprime mídia dissidente pelo bolso

Oito anos após a devolução de Hong Kong à China pelos britânicos, não são muito animadoras as perspectivas para os veículos locais de comunicação que desejam se manter independentes do regime de Pequim. Apesar da promessa de que não haveria repressão direta, a mão do Partido Comunista chinês se faz sentir sobre a imprensa do enclave capitalista, segundo reportagem de Ching-Ching Ni para o Los Angeles Times [1/7/05].

O governo continental atua com destreza para tentar estrangular economicamente os meios de comunicação dissidentes. Quando recuperou Hong Kong, em 1997, as autoridades deixaram que tudo seguisse como era antes, quando a ilha era administrada pelo Reino Unido. No entanto, após imensa manifestação popular em 2003, a situação começou a mudar. Os veículos que colaboram com o regime têm acesso ao mercado continental e recebem mais verba de publicidade. Os que não cedem se vêem em dificuldades financeiras, como é o caso do segundo diário mais lido de Hong Kong, o Apple Daily. Além disso, seus jornalistas têm o acesso ao resto da China dificultado. Outras vezes, são barrados em eventos em que o resto da imprensa é convidado. A autocensura tornou-se um meio de sobreviver.

Espionagem

A comunidade internacional acompanha atenta o caso do veterano jornalista Ching Cheong, correspondente em Hong Kong do Straits Times, de Cingapura, preso no sul da China em abril. Ele tentava obter um manuscrito do ex-chefe do PC Zhao Ziyang, que fora destituído do cargo e preso por se opor ao massacre da Praça da Paz Celestial. Ziyang morreu em janeiro, em prisão domiciliar. Segundo Pequim, Ching teria confessado ser espião de agências estrangeiras, pelo que pode ser condenado à morte.