Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

CNN criticada por exibir assassinato de soldado

Depois de exibir um vídeo mostrando um insurgente no Iraque atirando em um soldado americano, a CNN foi extremamente criticada e chegou a ser chamada de ‘porta-voz da propaganda inimiga’ pelo republicano Duncan Hunter, presidente do Comitê de Serviços Armados do Senado dos EUA. Hunter pediu ao Pentágono para retirar a permissão de qualquer repórter da CNN para acompanhar as tropas americanas no Iraque, o chamado jornalista embedded. ‘Eu acho que os americanos gostam de pensar que estamos todos juntos nessa. Um soldado americano conclui, ao ver o filme, que a CNN não está do lado dele’, opinou.


A emissora defendeu-se alegando que colocou o filme no ar para mostrar as ameaças que os insurgentes representam às tropas americanas. ‘Concordando ou não conosco neste caso, nosso objetivo, como sempre, é apresentar a verdade da melhor maneira possível’, afirmou o produtor David Doss.


O vídeo foi mostrado inicialmente no programa Anderson Cooper 360, produzido por Doss, depois em outros programas e posteriormente ficou disponível no sítio da rede. Segundo Doss, o correspondente em Bagdá Michael Ware recebeu a gravação depois de entrar em contato – através de intermediários – com Ibrahim Shammari, porta-voz do Exército Islâmico. ‘Ware enviou a Shammari uma série de questões sobre a insurgência e os motivos do grupo e ficou ‘surpreso’ quando recebeu duas fitas como resposta’, contou o produtor. Um dos vídeos mostrava Shammari respondendo às perguntas do correspondente e o outro continha a controversa filmagem.


Decisão difícil


Doss afirmou que a decisão de colocar a fita no ar foi tomada horas depois de uma ‘discussão editorial intensa’, com o compromisso de não mostrar a hora em que a bala atinge a cabeça do soldado. Segundo o produtor, o grupo já havia divulgado vídeos semelhantes no passado, alguns disponíveis na rede, mas este incluía áudio e registrava a conversa dos franco-atiradores.


De acordo com Tony Snow, secretário de imprensa da Casa Branca, o vídeo passa a idéia de que os insurgentes estão ganhando a guerra. ‘Na realidade, o número de insurgentes mortos é maior’, afirmou. Os jornalistas embedded se comprometem a não mostrar rostos de americanos mortos até que suas famílias sejam notificadas, mas nada proíbe o uso de imagens nas quais suas identidades não são discerníveis. Um porta-voz do Pentágono informou que o pedido de Hunter de banir jornalistas embedded da CNN está ‘sendo considerado’.


BBC também é alvo de críticas


No Reino Unido, a BBC foi criticada pelo Partido Conservador por exibir uma entrevista com um líder rebelde no Afeganistão, na província de Helmand, onde tropas britânicas sofreram diversos ataques. ‘Estou horrorizado que a BBC mostre uma entrevista com um ‘conselheiro’ do Talibã, enquanto nossas tropas estão sendo assassinadas por ele’, afirmou o porta-voz do Partido Conservador para assuntos militares Liam Fox. Com informações de Tony Perry [Los Angeles Times, 21/10/06] e de Leigh Holmwood [The Guardian, 26/10/06].