Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Contribuições do público são tema de debate

Executivos de grandes empresas de mídia debateram as tendências do jornalismo-cidadão em Nova York, na quarta-feira (5/10), em uma conferência organizada pela instituição The Media Center, especializada em crítica de mídia. Richard Sambrook, diretor de notícias e do Serviço Mundial da BBC, afirmou que a avalanche de vídeos de alta qualidade, fotos e e-mails com material noticioso enviados por cidadãos londrinos após o atentado à bomba ao sistema de transporte público de Londres, em julho de 2005, foi um marco divisor para a empresa. Segundo ele, o uso deste material indica que a BBC está evoluindo de uma empresa de difusão para uma facilitadora de notícias. ‘Nós não somos mais donos das notícias. Este é um realinhamento da relação entre grandes empresas de mídia e o público’, disse Sambrook.


Larry Kramer, chefe de operações digitais da americana CBS, afirmou que a emissora está ansiosa para receber mais retorno do público via internet, mas alegou que a empresa manterá um ‘filtro’ para as contribuições, em vez de permitir que os usuários escrevam comentários livremente. ‘As matérias não terminam quando as divulgamos. Nós queremos criar um veículo através do qual as pessoas possam responder’, declarou.


Tom Curley, presidente da AP, lembrou que as agências de notícias usam material enviado por cidadãos há muitos anos, citando exemplos recentes como vídeos do tsunami na Ásia e fotos dos atentados do 11/9/01.


Farai Chideya, correspondente da rádio National Public Radio Inc.(NPR), de Los Angeles, e fundadora do blog PopandPolitics, mostrou-se preocupada com o fato de que muitas matérias importantes podem ser perdidas se não puderem contar com a ajuda de pessoas sem acesso à internet. Farai sugeriu que jornalistas estimulem a colaboração dos não-jornalistas, distribuindo, por exemplo, gravadores para as pessoas na área atingida pelo furacão Katrina, para que elas possam coletar material em áudio, que seria então selecionado e editado pelos jornalistas.


Al Gore, ex-candidato à presidência dos EUA e administrador da Current TV, canal a cabo que usa material produzido por jornalistas-cidadãos, criticou o crescente destaque dado pelos noticiários a assuntos de entretenimento, afirmando que isso colaboraria para a diminuição do diálogo político no país. ‘A subjugação da informação pelo entretenimento prejudica seriamente nossa democracia. Eu estou tentando trabalhar em uma televisão que permita o debate’, disse Gore. Informações de Seth Sutel [AP, 5/10/05].