Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Correspondente condena atuação de agência

Tom Gross, ex-correspondente do Sunday Telegraph em Jerusalem, assinou um artigo sobre a cobertura jornalística feita pela agência de notícias Reuters no Oriente Médio na edição de 26/7 da National Review. Segundo Gross, a neutralidade encontrada na cobertura de outros assuntos não é vista quando o tema é relacionado ao Oriente Médio, cuja cobertura feita pela agência seria ‘profundamente falha’. Ele dá como exemplo o fato de o chefe global de notícias da Reuters, Stephen Jukes, ter proibido que a palavra ‘terrorista’ seja utilizada para descrever os responsáveis pelos ataques de 11 de setembro de 2001.

O jornalista reclama da ‘aura’ de credibilidade que cerca a agência. Editores em todo o mundo automaticamente assumem que qualquer material – texto, fotografia ou vídeo – proveniente da Reuters é confiável, justo e objetivo. Segundo ele, este comportamento levou a algumas reportagens errôneas sobre o Iraque, e ainda debilita a cobertura do conflito entre palestinos e israelenses.

O depoimento de um correspondente americano veterano em Jerusalem – que, diz Gross, preferiu ficar anônimo para não arriscar sua relação com os colegas ‘anti-Israel’, mostra que ‘cerca de 50% de todas as reportagens sobre o conflito é formada pela agências de notícias. O importante sobre a Reuters é que é ela quem dá o tom’.

Gross conta que um estudo publicado ano passado pela organização HonestReporting revelou que ‘em 100% das manchetes’ escritas pela Reuters sobre atos de violência israelenses, as palavras Israel e israelense são sempre as primeiras – consequentemente, as de maior ênfase. Em contraste, quando o ataque parte dos palestinos, a agência normalmente evita nomear os culpados. Na maioria dos casos, a manchete aparece em voz passiva.

Para Gross, o problema no material fornecido pela agência resume-se à ênfase das informações. ‘Dados relevantes estão contidos nos textos, mas ficam praticamente enterrados no fim da matéria. Muitos leitores de jornais, entretanto, nunca passam dos títulos’. Ele também reclama de informações não confiáveis que são apresentadas com indubitavelmente verdadeiras.