Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Depois da prisão, ex-magnata não descarta volta à mídia

O ex-magnata de mídia Conrad Black, que já foi proprietário de jornais como o Daily Telegraph, Chicago Sun-Times e Jerusalem Post, pode voltar à indústria jornalística. Em julho, Black foi solto sob fiança e aguarda o resultado de sua apelação depois de ter cumprido quase dois anos e meio de uma sentença de seis anos por fraude contra acionistas.


Durante o período em que ficou na cadeia, ele viu o preço dos jornais cair consideravelmente. ‘Acho que os jornais ficaram tão desvalorizados que alguns são uma pechincha. Muitos destes grandes diários dos EUA estão agora na mão de administradores e podem ser comprados por quase nada’, afirmou recentemente, acrescentando que muitas pessoas – e não só os mais velhos – preferem ler notícias no papel. Black confessou também ao repórter John Plunkett [The Guardian, 27/10/10] que ainda tem ‘apetite’ para o impresso.


Revelações


Em relação ao ex-rival Rupert Murdoch, Black disse que a News Corporation é uma empresa ‘selvagem’ e tem um instinto de ganhar o mercado piorando a qualidade do produto. ‘Devo reconhecer, no entanto, que o Wall Street Journal, comprado pelo grupo em 2007, foi o único [veículo] de qualidade que teve a qualidade melhorada ainda mais’.


Perguntado se lamentava o modo como administrou o grupo Telegraph, Black admite que teria agido de maneira diferente. Também contou de episódio em que foi chamado pelo então primeiro-ministro britânico, Tony Blair, que lhe disse que não queria que o Daily Telegraph publicasse uma coluna aconselhando os leitores a votarem contra o chamado Acordo da Sexta-Feira Santa, aprovado em 1998 em referendo na Irlanda do Norte e na República da Irlanda, que determinou a deposição de armas do IRA (Exército Republicano Irlandês) e de milícias protestantes, a criação de um parlamento para a Irlanda do Norte e a libertação de prisioneiros políticos, entre outras medidas. Ele disse ter recebido ‘intervenções’ de Blair e dos primeiros-ministros do Canadá e de Israel. ‘Blair não queria que recomendássemos voto contra e concordei com ele. Não mudei o conteúdo do jornal por conta de pressão política’, reforçou.