Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Diretor de revista é assassinado no México

O corpo de Enrique Perea Quintanilla, publisher da revista Dos Caras, Una Verdad, foi encontrado na quarta-feira (9/8) passada perto da cidade de Chihuahua, no México. Autoridades mexicanas informaram que o crime organizado provavelmente estaria por trás de seu assassinato, noticia Olga R. Rodriguez [Associated Press, 11/8/06]. Segundo Eduardo Esparza, porta-voz do escritório de promotoria do estado de Chihuahua, o jornalista foi torturado e alvejado com dois tiros. ‘Temos elementos suficientes para considerar que pessoas ligadas ao crime organizado estão envolvidas’, disse ele.

Quintanilla foi repórter por mais de 20 anos e escreveu sobre incursões policiais a diversos jornais e rádios na cidade de Chihuahua. Durante os últimos 10 meses, ele publicou a revista Dos Caras, Una Verdad, que trazia reportagens sobre corrupção no governo e crimes não-solucionados. A edição mais recente publicou uma entrevista com um empresário que alegou ter trabalhado disfarçado para autoridades do estado de Chihuahua a fim de reunir informações sobre traficantes de drogas.

Revolta e apreensão

Repórteres de Chihuahua condenaram o assassinato de Quintanilla e pediram ao governo que investigue o caso e que forneça proteção à imprensa local. ‘É preocupante, porque agora nós pensaremos mais sobre o que iremos escrever’, opinou Lourdes Diaz, repórter policial e investigativa do El Diário, onde Quintanilla trabalhou até 2004. Na semana passada, após o assassinato do repórter, Lourdes e outros 90 jornalistas encontraram com a procuradora do estado de Chihuahua, Patricia Gonzalez, e com o secretário-geral do estado, Fernando Rodriguez, para discutirem o crime.

Justiça

A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), com sede em Miami, pediu às autoridades mexicanas que investiguem o caso. ‘Nós condenamos energicamente este crime e reiteramos às autoridades que o investiguem com urgência e profundidade, com o objetivo de descobrir os culpados, levá-los à justiça e conhecer os motivos’, disse Gonzalo Marroquin, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP.

Grupos de defesa da mídia alegam que o México é um dos lugares mais perigosos do hemisfério Norte para jornalistas, principalmente devido a reportagens sobre tráfico de drogas. Desde 2004, 10 jornalistas foram mortos, incluindo Quintanilla, e um outro está desaparecido.