Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Pesquisa revela que confiança na BBC diminuiu

Na véspera da aguardada publicação do inquérito Nick Pollard, uma pesquisa de opinião realizada pelo MediaGuardian mostrou que quase metade do público perdeu a confiança que tinha na BBC até o começo do escândalo Jimmy Savile. O inquérito Pollard apura as circunstâncias envolvendo o cancelamento da investigação que faria o telejornal Newsnight sobre as atividades do finado apresentador.

Uma pesquisa conduzida pela agência de marketing Conquest Research & Consultancy entre 24 e 26 de novembro constatou que 49% das pessoas que responderam confiam menos na BBC do que antes dos “recentes acontecimentos” – uma referência à demora na identificação de Lorde McAlpine pelo programa NewsNight [que o caluniou], assim como o deprimente abuso do escândalo sexual revelado pela emissora concorrente ITV. Daqueles que responderam, 19% dos 300 entrevistados disseram que confiam na BBC “muito menos do que antes”, enquanto 30% confiam na corporação “ligeiramente menos do que antes” de uma controvérsia de seis semanas que acabou levando à saída do diretor-geral, George Entwistle, que ficou menos de dois meses no cargo, por ocasião do erro de informação sobre McAlpine.

David Penn, diretor-administrativo da Conquest Rersearch, advertiu que as consequências da catástrofe Savile/Newsnight “poderiam muito bem produzir uma decadência permanente no status da BBC”, embora ele tenha acrescentado que o que vinha mantendo o equilíbrio da emissora era a percepção de que se tratava de um “tesouro nacional”, o que significava que continuava sendo o veículo mais confiável no Reino Unido.

“Mais uma trapalhada que uma conspiração”

Uma minoria significativa – 33% – também culpou a BBC pelo “comportamento de Jimmy Savile”, embora existam suspeitas de que ele utilizasse para os supostos casos de abuso sexual o hospital Stoke Mandeveille, o hospital Broadmoor e a escola para Meninas Duncroft, próximo a Staines, assim como outras instituições de que era sócio.

Quase metade das pessoas que responderam – 48% – considera o “caso Savile” “a pior crise” da história da BBC. Quando lhes foi perguntado se a BBC precisa de uma revisão completa, 62% responderam que sim (28%, concordando enfaticamente e 34% concordando parcialmente). Mas talvez o mais inquietante para a corporação, que é mantida por dinheiro público, é que 54% dos entrevistados concordaram que a cota anual de £145.50 da licença estatal (cerca de R$ 495,00) é jogar dinheiro fora e deveria ser abolida (34% concordaram enfaticamente e 20% concordaram parcialmente). A licença estatal para as cotas está em vigor até 2017, mas as negociações para uma próxima fase terão início daqui a dois anos.

Ainda a fonte mais confiável

No entanto, e apesar do prejuízo causado à percepção do público, a empresa Conquest Research constatou que a BBC continua, com bastante vantagem, a fonte mais confiável do noticiário britânico, com 39% que responderam escolhendo-a como a mais confiável, à frente da ITV (13%), Sky News (10&), o jornal The Guardian (8%) e o Daily Mail (6%).

A pesquisa constatou que 46% das pessoas que responderam continuam achando a BBC uma instituição vital, contra 20% que acham dinheiro jogado fora. Além disso, 61% concordam que seria “um desastre se o Reino Unido perdesse a BBC” (36% concordando enfaticamente e 25% concordando parcialmente).

No total, a consultoria Conquest Research concluiu, a partir da pesquisa, que há uma base de apoio e boa vontade para com a BBC, mas isso pode ser desgastado. “A percepção é de que foram cometidos erros genuínos e que estão sendo feitos esforços para repará-los de uma maneira transparente e crítica – assim como os eventos mais recentes, na verdade, constituem mais uma trapalhada que uma conspiração”, disse Penn.

A Conquest Research realizou a pesquisa com uma amostragem de 300 indivíduos, usando a metodologia conhecida por Metapohorix, uma ferramenta de pesquisa online que usa visualização para responder às perguntas, método que visa a capturar a reação emocional das pessoas, ao invés de responder sim ou não, ou assinalar de 1 a 10. Informações de Jason Deans [The Guardian, 18/12/12].

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