Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Editor é agredido e abandonado no deserto

O editor do jornal Al-Arabi, Abdel Halim Qandil, conhecido por fazer oposição ao governo do Egito, fez queixa na promotoria geral do país por ter sido raptado, espancado, despido e largado em um deserto ao norte do Cairo.

Segundo informações da AP [2/11/04], o jornalista disse que os quatro homens que o atacaram usavam roupas de civis e estavam em um carro parado quando ele dirigia para casa. Os agressores vendaram seus olhos e chegaram a ameaçá-lo com uma faca na garganta. Qandil acredita que as pessoas que o agrediram sejam agentes de segurança do governo, pois a primeira frase dita pelo grupo foi que ele tinha sido seqüestrado para que ‘parasse de falar sobre os grandes’. No entanto, o editor não elimina a possibilidade de serem apenas integrantes de grupos do crime organizado. Qandil, que também escreve uma coluna semanal para o jornal árabe Para o Bem do País, costuma fazer críticas a membros do governo, incluindo o presidente do Egito, Hosni Mubarak.

Entre os fatos que podem ter desagradado as autoridades está a crítica publicada por ele quanto à possibilidade de Mubarak, presidente desde 1981, ter assegurado a seu filho, Gamal, sucessão na liderança do país. Em sua última coluna, Qandil atacou o Ministério do Interior pela forma como tratou o caso do atentado que matou 34 pessoas na península do Sinai em 17/10.

O sindicato dos jornalistas do Egito se pronunciou dizendo que o ocorrido com Qandil causou ‘irritação, horror e repugnância’. Gamal Fahmi, representante do sindicato, acrescentou que ‘o ato criminoso não deixa dúvidas de que o ataque foi pré-planejado e está relacionado à posição política do jornal e às opiniões de Qandil’.