Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Editorial conjunto contra sistema ultrapassado

Mais de 10 jornais chineses tomaram uma atitude rara contra o hukou, sistema de registro de residência da era de Mao Zedong, responsável por tornar ainda maior a distância entre a parte pobre e a rica do país. Na semana passada, foi publicado um editorial conjunto que, no entanto, sumiu rapidamente da web, em parte diante da proximidade do maior evento político do país, o Congresso do Partido Nacional, que teve sua abertura na sexta-feira passada (5/3).

O encontro anual tende a projetar um cenário de unidade no país, mas também é uma boa oportunidade para fazer lobby por mudanças. ‘A China está experimentando a amargura do sistema de registro doméstico por um longo tempo. Liberdade de movimento é um direito humano’, dizia o editorial, com os logos de 13 diários. O editor do jornal Yunnan Information, Tan Zhiliang, informou que eles publicaram o editorial de modo rotineiro, pois veio da empresa proprietária do jornal, o Southern Metropolis News. Mas quando os editores levaram em consideração que o Congresso começaria, optaram por retirá-lo de seu site.

Hukou

O registro doméstico identifica cada cidadão chinês como rural ou urbano. O sistema foi criado com a intenção de controlar a migração para as cidades e suas limitações tornaram-se cada vez mais evidentes nos últimos anos, na medida em que mais trabalhadores deixaram as áreas rurais para encontrar trabalho nas cidades. O status de suas residências, no entanto, permanece o das cidades onde nasceram e não ter a classificação exata restringe o acesso a diversos serviços do governo, como educação. Mudar o hukou, entretanto, é algo difícil. Até mesmo filhos de migrantes nas cidades são registrados como sendo rurais. O premiê Wen Jiabao respondeu à crescente oposição ao sistema durante um raro chat online, alegando que o governo iria acelerar a reforma do hukou. Informações de Cara Anna [AP, 2/3/10].