Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Emissora hispânica impedida de cobrir a eleição

Homens que se identificaram como membros da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) invadiram a base da emissora Telemundo em Caracas para suspender a transmissão da cobertura da eleição presidencial venezuelana. A Telemundo, em língua espanhola e com sede nos EUA, chegou ao país na semana passada. ‘Nós ficamos surpresos’, afirmou Pablo Iacub, um dos oito integrantes da equipe da emissora. ‘Só queremos fazer nosso trabalho.’


Na tarde de domingo (3/12), pelo menos seis pessoas dizendo ser da agência estatal que regula a mídia eletrônica na Venezuela entraram no hotel de onde a Telemundo tem feito suas transmissões. Os supostos funcionários da Conatel disseram que a emissora precisava de permissão para funcionar. Iacub afirmou não saber da necessidade de tal permissão, mas ressaltou que os jornalistas da Telemundo haviam se registrado com o Conselho Nacional de Eleições.


Iacub conta que a equipe da emissora perguntou como poderia obter a permissão e, após uma hora, foi-lhes dito que não poderiam transmitir de jeito nenhum. Segundo nota da Associated Press [3/12/06], a Conatel, procurada, não se manifestou sobre o assunto.


A Telemundo pertence à NBC Universal, por sua vez controlada pela General Electric. A emissora afirma alcançar 93% das famílias hispânicas nos EUA e também tem boa audiência no México.


Anúncio de TV sofre crítica conservadora nos EUA


Um anúncio televisivo da Citizens Energy Corporation, entidade sem fins lucrativos dirigida pelo ex-deputado Joseph P. Kennedy II, irritou a ala conservadora americana. A Citizens possui, entre outros projetos, um programa que fornece aquecimento a casas de famílias pobres nos EUA. O petróleo usado na caridade é, por sua vez, proveniente da empresa estatal venezuelana Citgo.


Esta é a primeira vez, entretanto, que a Citgo paga por um comercial da Citizens. O anúncio, que diz ‘combustível 40% mais barato dos nossos amigos na Venezuela’, começou a ser veiculado em 17/11 em emissoras locais de TV nos 16 estados beneficiados pelo programa.


Há alguns anos, quando o projeto ainda era pequeno, Kennedy chegou a pedir a emissoras locais que doassem espaço para seus comerciais. Com sua expansão no ano passado, e aumento da presença em 10 estados, a Citizens e a Citgo começaram a discutir a possibilidade de veicular anúncios pagos para aumentar sua visibilidade nos novos mercados. ‘Os comerciais são uma parte essencial no nosso programa’, afirma o porta-voz da entidade, Brian O´Connor. ‘Nós não poderíamos depender de anúncios públicos para ter um maior alcance.’


Amigos?


Ainda que a empresa diga que a idéia surgiu antes do inflamado discurso do presidente venezuelano Hugo Chávez contra o americano George W. Bush, em setembro deste ano, e que o comercial não tenha sido programado para coincidir com a eleição presidencial venezuelana, a iniciativa acabou causando controvérsia nos EUA. Críticas foram feitas na página de editoriais do Wall Street Journal e no talk show do apresentador conservador Sean Hannity, na Fox News. Tudo pela frase ‘nossos amigos na Venezuela’ e pela confiança em um financiamento feito pelo governo venezuelano – principalmente por causa do discurso nas Nações Unidas em que Chávez chamou Bush de ‘demônio’.


Mas a Fox News e a CNN podem acabar exibindo o comercial da Citizens em alguns estados. Segundo a AdWeek, a Citgo anuncia em ambas as redes. As assessorias de imprensa das duas rivais a cabo negam que haja planos para transmitir a peça. Informações de Maria Aspan [The New York Times, 4/12/06].