Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Emissoras sensacionalistas punidas em Taiwan

Quando o tsunami atingiu a região do Oceano Índico no fim do ano passado, os canais de televisão de Taiwan, assim como as emissoras ao redor do mundo, disputaram a atenção dos telespectadores pela exibição incessante de imagens dramáticas do desastre natural. Um dos canais de Taiwan estava tão desesperado que mostrou cenas da pororoca do rio Qiantang, na China. Quando os telespectadores descobriram e reclamaram, a emissora desculpou-se e disse que havia cometido um erro, como noticia Alice Hung, da Reuters [6/9/05]. Mesmo para Taiwan, que possui canais noticiosos sensacionalistas, este caso – intencionalmente armado ou erroneamente apurado – foi considerado abusivo.

O país tem oito canais a cabo e dezenas de outros canais com programação aberta disponíveis para uma população de mais de 23 milhões de pessoas, e a competição é acirrada – o que resulta em um jornalismo irresponsável. A cobertura jornalística explodiu no país depois que a lei marcial foi suspensa em 1987. Antes disto, as empresas de mídia locais eram rigidamente controladas ou de propriedade do Partido Nacionalista, também conhecido como Kuomitang.

Em agosto, o governo se recusou a renovar a licença de operação do canal de notícias a cabo ETTV-S e de seis canais de entretenimento, alegando que eles teriam violado as regulamentações de transmissão do país. Outros canais noticiosos foram suspensos e devem apresentar normas de transmissão em três meses, caso contrário terão suas licenças cassadas também.

O cerco aos canais de TV contradiz a imagem do presidente Chen Shui-bian, antigo e fervoroso ativista dos direitos humanos que prometeu defender ‘100% a liberdade de imprensa’ depois do término do governo de meio século do Partido Nacionalista, em 2000. Alguns críticos dizem que o governo escolheu censurar estações que eram contrárias às políticas governamentais, enquanto canais que apóiam o governo não foram controlados.

O ministro da Informação, Pasuya Yao, negou as acusações de que a decisão do governo foi politicamente motivada e afirmou que os canais mencionados exercem um jornalismo pobre, divulgando informações falsamente apuradas. Ele exemplifica o caso de algumas emissoras que disputaram para informar em primeira mão o resultado de eleições e inventaram números de apuração e divulgaram um falso relatório prevendo um terremoto para conseguir aumento de audiência.