Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Empresas ocidentais disputam mercado árabe

Organizações de mídia ocidentais disputam um lugar no mercado midiático do Oriente Médio. Financiada pelo governo, a emissora de rádio e televisão alemã Deutsche Welle começará a transmitir sua programação diária em árabe ainda em 2005. Da França, chegará até o fim do ano um canal de notícias 24 horas – ainda sem nome. A emissora estatal russa Today também planeja lançar um canal em árabe e investir em uma página na internet.

O sítio em árabe da CNN já tem mais de 300 mil visitantes únicos por mês e a rede ainda não decidiu se lançará uma versão televisiva. Jerry Timmins, chefe do BBC World Service – serviço internacional de programas de rádio e sítios da BBC – na África e no Oriente Médio, diz que recebeu US$ 35 milhões do governo britânico para iniciar a programação em árabe ainda este ano, começando com 12 horas de transmissão e expandindo futuramente para 24.

A importância da informação

A concorrência de emissoras ocidentais no Oriente Médio reflete a idéia de que o conflito pode ser influenciado não apenas por mísseis e diplomatas, mas também pela informação. No entanto, especula-se se estas emissoras vão dar uma outra visão do conflito ou se incitarão ainda mais violência.

Os possíveis riscos deste raciocínio ficaram mais aparentes na semana retrasada, quando cerca de 500 iraquianos xiitas atacaram o consulado iraniano em Basra, revoltados com um programa da al-Kawthar, canal iraniano transmitido em árabe.

Programação árabe na Europa

Já em países como Dinamarca e Espanha, onde os esforços de notícias em árabe estão começando, os benefícios parecem ser maiores do que os prejuízos. Ambas as nações enfrentaram, recentemente, tensões geopolíticas – como os atentados em março de 2004 em Madri e o furor causado pela publicação, por um jornal dinamarquês, de cartuns do profeta Maomé, no ano passado.

Em março, a agência EFE começou seu serviço em árabe com o financiamento do Ministério das Relações Exteriores. ‘Queremos ser uma peça deste imenso quebra-cabeça e tentar oferecer uma ponte entre civilizações’, afirma Javier Martin, chefe do serviço em árabe da EFE. Com uma equipe de 14 editores e tradutores no Cairo, a agência de notícias atinge países como Tunísia, Mauritânia e Marrocos.

Na Dinamarca, o Partido do Povo Dinamarquês propôs o lançamento de uma versão árabe da Radio Europa Livre, por meio da emissora pública nacional Danmarks Radio. ‘A proposta não foi aprovada ainda, mas é bem provável que seja’, diz Soren Espersen, porta-voz do partido. ‘Acreditamos que a falta de democracia em países árabes foi a causa da crise provocada pelas charges [do profeta Maomé]. É importante que eles discutam a democracia’, completa. Informações de Doreen Carvajal [The New York Times, 5/7/06].