Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Esther Hamburger

‘‘Tia Marlene’ -para usar o tratamento sugerido por Vivi, ela também nova estrela das manhãs paulistanas- começou o ano para valer na Band. Depois de dois meses de preparação, a poderosa ex-empresária de Xuxa e diretora de núcleo da Globo inicia a temporada pós-carnavalesca com fôlego.

Com ela, fica em evidência a função do diretor-produtor forte, profissional responsável por imprimir um conceito de programação, expresso ao longo da grade de uma emissora.

O dia na Band unida começa leve com receitas, babado e saúde. A barra vai pesando ao longo da tarde para culminar em obscenidade grotesca no fim da noite.

Dissociada da ‘rainha dos baixinhos’, que ajudou a criar, e sem o consolidado aparato global, Marlene Mattos vai se revelando de corpo inteiro. Há um esforço de agilidade, visível na presença constante do logo ‘ao vivo’ no canto direito da tela. Apresentadores se colocam ao lado dos cidadãos, na denúncia de violações cotidianas de direitos.

Tudo em um tom de informalidade. Datena caminha pelo estreito corredor que conduz ao estúdio, se aproxima da câmera e, em primeiríssimo plano, com o rosto ligeiramente inclinado, assume um ar confessional para dividir com os telespectadores o peso de conduzir um programa como o ‘Brasil Urgente’.

Astrid, Datena, Vivi e Gilberto Barros têm em comum Marlene. Sob a nova direção ‘artística’, a Band procura construir uma cumplicidade com o telespectador, baseada em um misto de intimidade e agressividade.

Os apresentadores encarnam ‘gente como a gente’. Eles aparentam nervosismo diante das câmeras, são família, torcem para seus ídolos, fofocam, improvisam. Ficam indignados com a incompetência de uma autoridade ou com o erro de uma empresa. São ligeiramente conservadores.

Marlene conduz um mix curioso da agilidade do jornalismo com a informalidade e a redundância típicas da fofoca da vizinha. Não há grandes vôos de conteúdo. Nem pretensão de originalidade. Há um profissionalismo que opera no registro duvidoso do que se imagina como sendo o padrão mediano. Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP’



Carol Knoploch

‘Band terá reality show na linha de emagrecimento’, copyright O Estado de S. Paulo, 5/03/04

‘Só 50 dias depois de sua estréia na Band, Viviane Romanelli (ex-Shoptime) vai ganhar nova roupagem em seu Dia Dia. A partir de segunda-feira, às 8h30, a atração terá outra abertura, vinhetas e quadros, tudo idealizado pela nova diretora Artística da emissora, Marlene Mattos.

Essas são as primeiras intervenções de Marlene em uma atração na casa – até aqui, havia mexido apenas na grade. Entre as novidades, destaque para um quadro em ritmo de reality show, o Dieta, que durante um mês enfocará a luta de uma gordinha para emagrecer em um spa. O programa terá ainda o Ao Pé do Rádio, com fofocas by Leão Lobo, e Prestação de Serviços, no qual Christiano Cochrane, filho de Marília Gabriela, e outros jornalistas darão as principais notícias do dia. A seção Bate Papo com Vivi é a predileta da apresentadora: todos os dias ela conversará ao vivo com um telespectador.

Cozinhar mais em cena também faz parte de seus planos.

‘Acho ótimo ter essas novidades após um tempinho de programa. Foi o suficiente para me adaptar à emissora e ver quais mudanças eram necessárias’, opina Viviane.

A repaginação do programa começou esta semana, com direito a making of aberto ao público. Do corte de cabelos da apresentadora, passando pela escolha de seu novo figurino e chegando às aulas de fonoaudiologia para trabalhar a voz e o sotaque carioca, tudo foi ao ar. Hoje, o arquiteto João Armentano dá os últimos retoques no novo cenário, também diante do telespectador.

Alguns temas como beleza, moda, artesanato e culinária, típicos dos programas femininos, serão mantidos na atração que, mesmo com troca de apresentadoras (a anterior era Olga Bonviovani), não ganhou ibope. A diretora Karla Rafea, ex-Caldeirão do Huck e recém-chegada à Band, não soube explicar o embasamento das mudanças. ‘Queremos que a atração tenha a cara da Vivi. Será mais moderno e útil para o dia-a-dia.’’



DOMINGO LEGAL
Keila Jimenez

‘‘Domingo Legal’ ganha novo visual e linha editorial’, copyright O Estado de S. Paulo, 5/03/04

‘O programa Domingo Legal, do SBT, vai passar por uma grande reformulação. A partir de domingo o telespectador notará quadros diferentes, cenário diferente e até um rumo diferente no editorial da atração.

Já no próximo final de semana o programa ganhará um novo visual. Sai o palco tradicional com platéia e dançarinas e entra uma arena, sim, uma arena. Gugu e os convidados do programa ficarão no centro da arena, cercado por platéia por todos os lados. O cenário promete ser cheio de surpresas. Foram quase três meses de trabalho até o visual final ser aprovado.

Sofrendo ainda com derrotas consecutivas em audiência para o concorrente Faustão, Gugu, após a confusão da farsa do PCC, adotou uma linha editorial mais leve em seu programa e deve seguir assim.

Jornalismo e viagens por todo o País devem passar a rechear mais a pauta do programa. No domingo, ele levará ao ar a segunda parte da reportagem que gravou nas Cataratas do Iguaçu. O apresentador passeará pelo meio das cataratas em um barquinho, com uma câmera registrando tudo. A idéia do apresentador e de seu diretor, Roberto Manzoni, é realizar pelo menos uma viagem por mês, registrando até o final do ano reportagens nos quatro cantos do País.

Também haverá uma matéria gravada em Hollywood sobre um teste de animais exóticos de todo o mundo para a gravação de um filme. Sem esquecer o mundo dos famosos, o Domingo Legal trará com detalhes – até o dia da noiva eles gravaram – o casamento da cantora Kelly Key.

Entre os convidados da atração estarão os cantores Bruno e Marrone e Felipe Dilon.’



PLATINUM
Adriana Del Ré

‘Sofia Coppola escreve e comanda ‘Platinum’’, copyright O Estado de S. Paulo, 5/03/04

‘Sofia Coppola é a nova darling de Hollywood. Diretora elogiada, ela acaba de decorar a estante de sua casa com seu primeiro Oscar, de melhor roteiro original por Encontros e Desencontros, ao lado de seus dois Globos de Ouro pelo mesmo filme. O longa disputou o Oscar também na categoria diretor, filme e ator (Bill Murray). Agora, Sofia deve dar o que falar na minissérie Platinum, que estréia hoje, às 23h15, na programação do canal Multishow (Net, 42; Sky, 42), na companhia do pai, o diretor já consagrado Francis Ford Coppola, famoso por belos trabalhos, como a trilogia O Poderoso Chefão. A filha assina a criação, produção e roteiro de Platinum, enquanto o pai, a produção da série.

A minissérie, exibida em seis episódios, usa a história de dois irmãos, donos de uma gravadora especializada no lucrativo (pelo menos lá nos EUA) mercado do hip-hop, para descortinar os competitivos bastidores da indústria fonográfica. Nascidos em berço nada esplêndidos, os irmãos Jackson e Gary Rhames (vividos, respectivamente, pelos atores Jason George e Sticky Fingaz) vieram de uma infância pobre, mas venceram na vida à frente do império que construíram, a Sweetback Entertainment. Só que, como já é sabido, o mercado fonográfico mundial não anda lá bem das pernas e os dois lutam para não ir à falência. Nem que seja preciso enfrentar grandes gravadoras e peitar magnatas da indústria. Para isso, contam com o apoio do amigo de infância e conselheiro David Ross (Steven Pasquale, de Six Feet Under), que tem o papel imprescindível de preservar a imagem e a saúde financeira da firma.

Tendo Nova York como cenário, Platinum mostra que, atrás da imagem glamourosa dos astros do hip-hop, se escondem jogos de interesses, rede de intrigas, disputas de poder e deslealdade. Muitas vezes, todos esses ingredientes podem ser levados às últimas conseqüências. É o que a produção revela logo no primeiro episódio. Ross, o conselheiro dos Rhames, por exemplo, é espancado por um bando, a mando da ‘concorrência’, num ato de represália: os irmãos Jackson e Gary contrataram um superastro do hip-hop que pertencia a esta outra gravadora. A minissérie revela ainda a ingrata batalha das gravadoras independentes, na esperança de se estabelecerem num mercado dominado pelas grandes empresas e conquistarem seu espaço.

O elenco é predominante negro, como é o universo do hip-hop. Na vida real, o rapper Eminem talvez tenha seja um dos poucos ‘branquelos’ a conseguir respeito no cenário. Mas Platinum também tem seu Eminem, o rapper branco Versls, muito parecido fisicamente com o original, mas que ganhou algumas pinceladas de arrogância e estrelismo. A queda nas vendagens do álbum de Versls ajuda a desestabilizar as finanças de Sweetback Entertainment, mas o rapper é um nome forte no casting da gravadora. Por isso, a ida dele para outra empresa torna-se motivo de dor de cabeça para os irmãos Rhames.

Além da produção caprichada e da abordagem inédita do tema, Platinum recebeu reforço da trilha sonora, com músicas de Steve Wonder, Paul McCartney, Nina Simone e Marvin Gaye, entre outros.’