Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Estudantes enganam editores do NY Times

Um grupo de estudantes secundários americanos que participava de um programa de verão na universidade Duke conseguiu que diversas cartas de sua autoria fossem publicadas no New York Times – algumas delas sob nomes falsos. O projeto de escrever ao jornal fazia parte de um curso de relações internacionais ministrado pelo professor Mark Duckenfield. Sob sua instrução, os alunos enviaram cartas sobre os mais variados temas, desde o consumismo americano até o conflito palestino-israelense.

O Times geralmente não publica cartas escritas para trabalhos escolares ou universitários. Para driblar o problema, os estudantes colocavam no remetente o endereço de suas casas, e não o de Durham, cidade na Carolina do Norte onde fica a universidade. Durante um mês, Duckenfield conseguiu com que 17 cartas de seus alunos fossem parar no jornal.

‘Eles são certamente inteligentes e escrevem bem’, afirmou à AP [13/10/04] o editor de cartas do Times, Thomas Feyer. ‘Escreveram cartas muito boas, mas aqui queremos que as pessoas sejam honestas. O professor os instruiu a nos enganar, e isso pode minar a credibilidade do jornal’, completou.

Dois alunos usaram pseudônimos por já terem tido suas cartas publicadas. Duckenfield disse que não queria que os dois estudantes fossem excluídos do resto do projeto só porque seus textos já haviam conseguido chegar às páginas do jornal, e não achou que isso seria um problema, já que é uma prática que ele chama de ‘longa tradição literária’. Sobre os endereços usados, o professor conta que não queria que os alunos tentassem se passar por estudantes universitários de Durham, e por isso aconselhou que eles enviassem as cartas com seus próprios endereços.

Ainda em sua defesa, Duckenfield afirmou que todos os alunos deram números de contato para que o Times pudesse chegar a eles, se quisesse. Segundo Feyer, o jornal normalmente tenta falar com os autores das cartas, mas nem sempre isso é possível por causa do tempo restrito para sua edição. ‘Não sei exatamente o que aconteceu neste caso específico, mas serviu de exemplo para que apertássemos nossos mecanismos de segurança’, concluiu.