Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

EUA declara jornalista afegão ‘combatente inimigo’

Jawed Ahmad, jornalista afegão da rede de TV canadense CVT, detido há quatro meses sem acusações formais, foi declarado pelo Exército americano como ‘combatente inimigo’, noticia Alisa Tang [AP, 27/2/08]. Um conselho de revisão determinou que o jornalista representava um perigo para as tropas estrangeiras e para o governo afegão, informou o major Chris Belcher, porta-voz da coalizão liderada pelos EUA.


Ahmad está detido no campo militar de Bagram, ao norte de Cabul. ‘Como um combatente do inimigo, ele é uma ameaça para as forças da coalizão e para o governo da República Islâmica do Afeganistão. Ahmad não foi preso por sua atuação como jornalista’, ressaltou Belcher, que não deu maiores informações sobre os motivos da prisão.


O jornalista de 22 anos, que também é conhecido como ‘Jojo Yazemi’, foi detido na cidade de Kandahar, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). Ele foi posteriormente transferido para um centro de detenção na base de Bagram. ‘A CTV continua preocupada com o bem estar de Jojo Yazemi e continuamos a trabalhar com todos os meios diplomáticos disponíveis para encontrar informações adicionais que possam tirá-lo deste processo’, afirmou Robert Hurst, presidente da emissora canadense.


Talibã


Segundo o irmão de Ahmad, Siddique, o Exército teria acusado o jornalista de ter contato com membros do Talibã. É comum que repórteres que trabalham no Afeganistão procurem militantes do Talibã com o objetivo de obter dados para suas matérias. ‘Mesmo o Pentágono tendo feito uma acusação séria, não apresentou nenhuma prova. E mesmo Jawed Ahmad estando preso por quatro meses, ele não foi acusado de um crime’, ressaltou o diretor-executivo do CPJ, Joel Simon. ‘Pedimos que o Exército ou acuse Jawed Ahmad de uma ofensa criminal ou, se não haja intenção disto, que o liberte imediatamente’.


Não é a primeira vez que casos como o de Ahmad ocorrem; o Exército americano já prendeu outros jornalistas no Iraque e Afeganistão sem acusações formais. Na maior parte dos casos, os profissionais de imprensa foram libertados sem maiores problemas. Exceção é o caso do iraquiano Bilal Hussein, fotógrafo da agência de notícias Associated Press, preso durante 22 meses pelo Exército. A AP defende Hussein, alegando que não há evidências que apóiem as acusações de que ele esteve envolvido em atividades insurgentes.