Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

EUA diminui páginas, Reino Unido aumenta

Além da queda na tiragem e anúncios publicitários e da competição com a internet, as empresas jornalísticas americanas enfrentam outro desafio: o aumento no preço do papel ao longo dos últimos quatro anos. A tonelada do papel custa hoje, em média, US$ 605 – 10% a mais em relação ao ano passado e próximo ao preço máximo de US$ 625 atingido em 2001.

O papel constitui um dos maiores custos no processo de impressão dos jornais (15% do total das despesas) e, conseqüentemente, algumas empresas americanas vêm usando papel mais barato e mais fino, reduzindo o tamanho de suas páginas, ou ainda cortando tabelas e listas de ações e fundos de investimentos. As edições asiáticas e européias do The Wall Street Journal passarão do formato broadsheet para o tablóide, mais compacto, a partir de outubro. A Dow Jones, que edita o jornal, espera economizar a partir do ano que vem US$ 17 milhões anualmente com a mudança. Outras editoras, como The New York Times e Knight Ridder, passaram a usar papéis mais leves – que podem levar a uma economia de 1%, mas ao mesmo tempo comprometer a qualidade da impressão do jornal.

Curiosamente, um grande aliado para a batalha das empresas jornalísticas contra os altos custos do papel é também um de seus grandes inimigos: a queda na tiragem. De acordo com a Newspaper Association of America, associação de classe dos jornais dos EUA, em uma década, o período no qual a venda de jornais americanos caiu de forma mais exorbitante foi de outubro de 2004 a março deste ano.

Jornais britânicos usam mais papel

Do outro lado do atlântico a situação é diferente. Na Inglaterra, de acordo com estudo feito pela Starcom UK, houve um aumento de 9% no número de páginas dos jornais nos últimos 18 meses, totalizando uma produção de 8.500 páginas a cada semana.

Há 18 meses, os jornais de circulação nacional totalizavam 7.786 páginas por semana, mas com a inclusão de 201 seções (principalmente nas edições de sábado) este número subiu para 8.512 páginas. ‘O Daily Telegraph tem 13 seções no sábado, enquanto a edição do Sunday Telegraph possui apenas 10. O The Guardian apresenta mais seções no sábado do que o Observer no domingo’, afirma Adrian Pike, diretor da Starcom.

Os finais de semana são responsáveis por mais de 55% do uso total de papel. A pesquisa não incluiu o Financial Times e mostrou que os menores jornais são o Daily Star e o Sun, com 56 páginas cada, em contraste com o Sunday Times e o Mail on Sunday, ambos publicados aos domingos, e que possuem, respectivamente, 478 e 350 páginas. O título com o maior número de páginas publicado durante os dias da semana é o The Times, que expande de 96 páginas na edição de segunda-feira para 428 na edição de sábado.

Queda nas vendas

No entanto, mais páginas não implicam em mais vendas. De acordo com o relatório do Audit Bureau of Circulations (ABC), todos os jornais britânicos apresentaram quedas nas vendas no mês de junho – com exceção do The Sun, que teve aumento na circulação no mês passado. A queda pode ser explicada em parte pela falta de atração dos leitores pelas manchetes de junho, dominadas pelo debate sobre a Constituição Européia e sobre o encontro da cúpula do G-8. Os atentados terroristas em Londres podem levar a um aumento nas vendas de jornais no mês de julho.

Ainda segundo dados do ABC, o jornal The Guardian apresentou uma queda em relação ao mês anterior de 2,99% em sua tiragem (361.408 cópias vendidas em junho); o Daily Mirror, de 2,14% (1.742.378 cópias); o Daily Star, 0,87% (855.612 cópias); o Daily Telegraph, de 1,30% (903.772 cópias); e o Financial Times, de 1,23% (425.984 cópias).

Os únicos jornais diários a apresentarem um aumento em relação ao mesmo período no ano passado foram os que mudaram do formato broadsheet para o tablóide – o The Independent e o The Times. Informações de Paul Thomasch [Reuters, 8/7/05], Stephen Brook [The Guardian, 14/7/05] e Julia Day [The Guardian, 15/7/05].