Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Executivo em ascensão no mercado europeu

Desde a queda de Jean-Marie Messier, o visionário ex-presidente do grupo francês Vivendi, em 2002, a mídia européia não via um executivo com planos tão ambiciosos como os de Mathias Döpfner, presidente da Axel Springer, grupo que publica o Bild, jornal mais lido na Alemanha. Ele entrou na empresa em 1998 para ser editor de um diário menor, Die Welt, e, no ano passado, chegou a seu cargo atual.

Como reporta The Economist [28/4/05], Döpfner tem articulado a ampliação da participação da Axel Springer na rede de TV Pro-SiebenSat 1 de 11.8% para mais de 50%, assumindo seu comando e deixando o grupo com uma estrutura parecida com a da gigante Bertelsmann, que atua na mídia impressa, televisão e mercado fonográfico. A possibilidade de Döpfner alcançar seu objetivo ficou ainda maior quando, recentemente, se invalidou uma cláusula que penalizava os acionistas que vendessem os papéis da emissora antes de agosto.

Clareza política

O executivo conta com a confiança de Friede Springer, viúva de Axel Springer, criador do conglomerado homônimo, do qual ela hoje detém 60% das ações. Morto em 1985, o fundador da companhia era conhecido por assumir posições políticas claras. Uma de suas principais bandeiras era a reunificação da Alemanha, à qual não pôde assistir. Ligado ao ex-chanceler conservador alemão Helmut Kohl, Döpfner também tem essa característica de se posicionar politicamente, o que o assemelha a barões de mídia mais antigos, como o australiano naturalizado americano Rupert Murdoch. Logo após os atentados terroristas de 2001 nos EUA, por exemplo, o alemão deixou claro que a companhia precisava ‘mostrar solidariedade com aquele país, pelos valores comuns dos países livres’.

Seu apoio à política externa de George W. Bush o colocou numa posição isolada dos outros grandes executivos de mídia europeus, que, em geral, assumiram uma posição crítica à estratégia belicista do presidente americano. Mas a admiração de Döpfner pelos EUA não se restringe ao campo político. Ele também almeja que a Axel Springer seja sólida como suas pares americanas, e não ‘complacente’, como acredita serem os grupos de comunicação europeus.