Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Executivos da News International sabiam de grampos em 2006

Executivos da News International receberam a informação, em 2006, de que havia evidências de que mais de um jornalista do tabloide News of the World estaria envolvido no escândalo de grampos telefônicos. Segundo reportagem publicada no jornal britânico The Independent, novos dados derrubam a versão de diversos executivos do grupo, que afirmaram no Parlamento britânico que não existiam provas significativas, até 2008, de que a invasão de caixas de mensagem de celulares ia além do editor para assuntos da família real Clive Goodman, condenado em 2007.

As novas informações, afirma o Independent, revelam que, dois anos antes, a polícia informou à News International que havia descoberto provas que implicavam outros jornalistas no esquema. Um investigador do alto escalão da polícia teve um encontro com Rebekah Brooks semanas após a detenção, em agosto de 2006, de Goodman e do detetive particular Glenn Mulcaire pela invasão à caixa postal de funcionários da família real. As provas teriam sido encontradas em documentos apreendidos em uma busca no apartamento de Mulcaire. Rebekah, CEO da News International, deixou a empresa em julho; ela havia comandado o News of the World até 2003 e, em 2006, trabalhava no Sun, outro tabloide do grupo.

Tom Crone, então principal advogado daNews International, informou a executivos sobre o encontro e sobre as informações recebidas por Rebekah. Segundo o Independent, Mulcaire tinha o hábito de escrever o nome do jornalista do News of the World que havia pedido algum serviço no topo da folha de seu bloco de anotações. Entre os nomes, estaria o do então editor Andy Coulson, que deixou o jornal em 2007 após as condenações de Goodman e Mulcaire. Na época, ele negou que tivesse conhecimento dos grampos.

Coulson se tornou porta voz do primeiro-ministro David Cameron, mas deixou o cargo em janeiro deste ano depois que a investigação sobre os grampos foi reaberta. Em julho, quando o escândalo atingiu seu auge com a revelação da invasão ao telefone da menina Milly Dowler, assassinada em 2002, ele foi detido sob suspeita de conspiração para interceptar mensagens de celular e subornar policiais. Nesta quinta-feira, 22, foi aberta uma ação contra a News International em nome de “Mr. A. Coulson”, noticiou a Bloomberg. Em agosto, o jornal The Guardian havia afirmado que o braço britânico da News Corp estaria considerando parar de pagar os honorários advocatícios do processo enfrentado por Coulson. No mês passado, Mulcaire processou a companhia por motivo semelhante.