Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

FCC aprova utilização de ‘espaços brancos’

A Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos EUA aprovou a abertura de freqüências de TV não aproveitadas para acesso à internet sem fio, rejeitando as alegações das emissoras de que isto poderia atrapalhar o sinal televisivo. A proposta, aprovada nesta terça-feira (4/11) por unanimidade, permite o uso destes canais desocupados, conhecidos como ‘espaços brancos’, desde que haja a utilização de tecnologia anti-interferência.


Empresas de celulares, como a Motorola, devem, portanto, obter certificação da FCC para cada produto que use os ‘espaços brancos’, antes de colocá-los no mercado. ‘Fomos muito cautelosos’, afirmou o presidente da comissão reguladora, Kevin Martin. Com a aprovação, será promovida inovação sem fio e, ao mesmo tempo, proteção contra eventuais interferências.


Expansão


O Google e a Microsoft afirmam que o plano irá expandir o acesso à internet, especialmente em áreas rurais. Aparelhos que usem ‘espaços brancos’ poderão ter acesso gratuito à rede sem fio. Na semana passada, o gerente de estratégias da Microsoft, Craig Mundie, afirmou que, se a FCC aprovasse o plano, os ‘espaços brancos’ estariam disponíveis em 12 a 18 meses. A Microsoft desenvolverá produtos para usar tais freqüências.


As empresas Motorola, Royal Philips Electronics NV e Adaptrum trabalharam durante meses em testes de tecnologia anti-interferência em sinas de TV, segundo relatório da comissão. ‘A FCC decidiu colocar a ciência acima da política. Por anos, o lobby das emissoras tentou espalhar medo e confusão sobre esta tecnologia, em vez de permitir que os engenheiros da comissão fizessem seu trabalho’, disparou Larry Page, co-fundador do Google.


Problemas


Grandes emissoras, como a CBS e a ABC, acusaram relatório da FCC divulgado em outubro de contradizer informações coletadas durante os testes, que foram abertos ao público. Elas chegaram a pedir à comissão que adiasse a votação em dois meses, para que as conclusões dos engenheiros pudessem ser debatidas. Após a votação desta semana, David Donavan, presidente da Association for Maximum Service Television, entidade de radiodifusores dos EUA, insistiu na tese de que os aparelhos irão causar interferência nas transmissões abertas e a cabo, prejudicando milhões de telespectadores. ‘A comissão optou pelo caminho que prejudica a recepção televisiva nos EUA para satisfazer o desejo do Google e da Microsoft’, afirmou.


Produtores de microfone sem fio também temem que seus equipamentos de áudio sejam prejudicados. Mais de 100 artistas pediram à FCC, na semana passada, para separar oito canais livres em cada mercado para os microfones sem fio. Martin informou que há ações para proteger estes microfones, especialmente os usados em grandes eventos, como em estádios e teatros da Broadway. Informações de Molly Peterson [Bloomberg, 4/11/08].