Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Folha de S. Paulo

ITÁLIA
Premiê critica mídia que protesta contra ‘lei da mordaça’

O premiê da Itália, Silvio Berlusconi, disse ontem que é errado invocar a liberdade de imprensa como ‘um direito absoluto’, o que ‘não existe na democracia’. É uma resposta à paralisação, na véspera, de parte dos meios de comunicação italianos contra a ‘lei da mordaça’ -proposta pelo governo e em trâmite na Câmara-, que limita o uso e a difusão de escutas telefônicas de investigações.

 

GUERRA
Andrea Murta

Filme aviva crítica à estratégia dos EUA

Há duas faces da estratégia da contrainsurgência, escolhida pelo presidente dos EUA, Barack Obama, para lutar a guerra no Afeganistão.

Uma é a da discussão sobre como combater, conquistar o apoio dos afegãos e reconstruir o país. Outra bem diferente é a dos garotos de 18 anos treinados para matar que, de repente, têm que agir como diplomatas.

Essa segunda faceta é mostrada com crueza no documentário ‘Restrepo’, que entrou em cartaz na última sexta, em Washington.

O filme é o resultado da imersão entre maio de 2007 e julho de 2008 do jornalista americano Sebastian Junger e do fotógrafo britânico Tim Hetherington num grupo de soldados no vale do Korengal, perto da fronteira paquistanesa, por muito tempo considerado o lugar mais perigoso do Afeganistão.

Apesar de editado para ser apolítico, ‘Restrepo’ contribui para o crescente questionamento da estratégia. A contrainsurgência exige muitos soldados não só para derrotar o inimigo mas para viver entre a população e reconstruir o governo, esforço que pode levar décadas.

As câmeras exibem com tom de futilidade reuniões organizadas pelos jovens soldados com líderes tribais.

Em uma cena, um idoso afegão gira nas mãos uma caixinha de suco dada pelos soldados sem saber onde enfiar o canudinho, em óbvio constrangimento. A distância aumenta quando ele diz: ‘Querem matar o inimigo, OK, mas estão matando gente daqui que não tem nada a ver com os insurgentes’.

Os soldados não podem fazer mais do que pedir desculpas e voltar a uma base nas montanhas, onde sofrem até 14 ataques por dia.

Em outro momento, os militares se animam ao serem procurados por três líderes locais. ‘É a primeira vez que isso acontece.’ Mas os afegãos não querem discutir a guerra. Querem indenização após os americanos matarem uma vaca que se prendera no arame farpado, dias antes.

‘O que vimos é uma contrainsurgência barata’, disse Hetherington após uma pré-exibição do filme, na última quarta. ‘Respeito os rapazes, mas estamos pedindo a eles que ajam como políticos, enquanto são treinados para lutar e matar.’

REVISÃO

Segundo Hetherington, os militares não se queixam do (pouco) resultado das tentativas de aproximação. Expressam frustração, sim, pela contenção de fogo para evitar a morte de civis, outra prática da estratégia.

Esse ponto passa atualmente por revisão. A orientação atual é limitar os ataques aéreos e com morteiros contra casas, a não ser em casos de risco iminente. Os soldados são forçados a analisar o movimento das construções por 48 horas para verificar que não há civis, antes de ataques. E dizem que isso os coloca em perigo.

‘Restrepo’ é ainda um retrato da vulnerabilidade dos soldados. Os diretores testemunharam com uma proximidade rara batalhas sangrentas e seus efeitos nos jovens americanos, que choram como crianças ao ver o melhor amigo ser morto.

O nome do documentário é oriundo disso: Restrepo é o nome do pequeno posto de combate no vale onde se desenrola a ação, homenagem a um membro morto em combate. O posto foi fechado em abril, após mais de 450 combates e quase 50 mortes.

 

MARKETING
Mariana Barbosa

Fabricante turbina a Jabulani nas redes sociais

Amada ou odiada, a grande estrela (ou seria vilã?) da Copa atende pelo nome de Jabulani. Imprevisível, sobrenatural, Patricinha ou bola de supermercado. Foram muitas as denominações dadas à bola, cujo nome, em zulu, significa celebração.

Fornecedora das bolas do Mundial desde 1970, a Adidas sempre centra o marketing na própria. Desta vez, como no México, deu certo.

A Copa de 70 foi a da bola feita de pentágonos em preto e branco, a Telstar. O design foi pensado para ficar bem na primeira Copa na TV.

Quarenta anos depois, o ‘fator internet’ impulsiona a popularização da bola. ‘Essa foi a primeira Copa em que Twitter e Facebook tiveram relevância. As informações se espalharam mais rápido’, diz Paulo Ziliotto, gerente de marketing da Adidas no país.

Mas como explicar o sucesso de vendas após comentários negativos? ‘Fomos bastante ativos nas redes sociais, esclarecendo dúvidas.’

‘No começo, a Nike ajudou difundindo comentários negativos’, diz o publicitário Washington Olivetto. ‘Mas, depois, virou espontâneo. A bola tem nome que pegou.’

Pegou a tal ponto, diz ele, que ‘até a Globo [que proíbe divulgação de logomarca para não fazer propaganda gratuita] liberou’. A vinheta com Cid Moreira gritando ‘Jaabulaaaaniii’ virou hit.

Nas duas primeiras semanas de Copa, a Adidas foi a marca mais citada nos comentários em inglês sobre o torneio na internet, com 25,1%, contra 19,4% da Nike.

Segundo Ziliotto, no Brasil, a verba da Adidas para a Copa subiu 30% em relação a 2006. E 50% dela foi para a internet e redes sociais.

A empresa prevê faturar 1,5 bilhão com artigos de futebol neste ano, 25% a mais do que no Mundial anterior. Nesta Copa, já vendeu mais de 13 milhões de Jabulanis. E ainda há mais um semestre.

Para 2014, a Adidas diz que tentará produzir uma bola ‘mais fácil de controlar’.

 

COPA
Marcos Augusto Gonçalves

Qualidade das transmissões foi destaque na Copa da África

Está chegando a hora. E o que ficou de bom na mídia ao longo da Copa? Muita coisa.

O melhor foi mesmo a tecnologia, que nos ofereceu uma maneira ainda mais legal de ver futebol. As transmissões em HD, com as 32 câmeras e super ‘slow motion’, foram sensacionais.

As tomadas por vários ângulos permitiram ver detalhes. Muito boa também a câmera do alto, que dá excelente visão de como os times ocupam o campo. Isso significa ter uma percepção mais acurada das táticas.

O ideal é ver a folha, a árvore e a floresta. Nem sempre temos tudo ao mesmo tempo, mas cada vez mais as transmissões dão show.

E por isso aumentam os embaraços da arbitragem. Os próprios comentaristas do apito se tornam irrelevantes, já que eles também esperam pelos múltiplos replays. Assim, amigos, até eu.

 

CASO BRUNO
Luiz Fernando Vianna

Palavras, palavras

Bárbaro, chocante, terrível. Alguns adjetivos fartamente usados pela imprensa na cobertura do caso Bruno são ambivalentes. Ao menos como gírias, essas palavras também podem ter acepções positivas.

Sabemos que o grotesco é ingrediente que não falta nas receitas da comunicação de massa. O tom frenético (outro adjetivo ambivalente) que marcou nos últimos dias o acompanhamento jornalístico do caso indica como é estreita a separação entre o ímpeto necessário e a compulsão alucinada.

A menção aqui não é ao sensacionalismo de certos programas e jornais, pois ele é figura antiga e, diga-se, já até produziu grandes textos e imagens.

Mas por que uma boa repórter de um canal de TV paga interrompe uma delegada na operação de embarque de Bruno para Minas e faz perguntas sem nexo?

Por que tantas coletivas e exclusivas -sem nenhum contraponto crítico- de um delegado mineiro nitidamente destrambelhado, fascinado por estar gastando sua prosódia constrangedora diante de Ana Maria Braga, Datena e outras potências, e que pôs querosene na alucinação coletiva ao chamar seu principal investigado de ‘monstro’ (mais um ambivalente)?

Por que tanto destaque para gritos de ‘assassino’, se está claro que são dados por gente que só vai às portas de delegacias por estar magnetizada pelos amontoados cada vez maiores de câmeras, e assim realiza a Inquisição da era digital?

A ampliação de modelos de comunicação e a necessidade de tudo se dar agora, ao vivo, com urgência, faz com que já achemos normais esses helicópteros acompanhando comboios de carros de polícia e nós, jornalistas, falando, falando, falando… Ainda há algum controle ou ele está para lá de remoto?

As coberturas são intensas, maciças, arrasadoras. Somos bárbaros, chocantes, terríveis.

 

TELEVISÃO
Emílio Odebrecht

As novelas e a educação

Provavelmente não há outro país onde as novelas, esta atração televisiva de presença mundial, tenham caído tanto no gosto popular como no Brasil.

Do ponto de vista da influência nos costumes, ouso dizer que esse tipo de programa foi, entre nós, mais benéfico que maléfico. Se analisarmos os efeitos sobre a visão de mundo do brasileiro médio que as novelas já exerceram, concluiremos que hoje somos (até certo ponto, ao menos) um país melhor também graças a elas.

Ideias como a da emancipação feminina se disseminaram no Brasil com a ajuda das novelas. Em anos recentes, abordaram outras questões importantes, como o combate ao racismo e o respeito aos deficientes físicos. E até a demografia do país parece ter sofrido alguma influência. As famílias nas novelas são, quase sempre, pequenas e foi por meio delas que muita gente teve, pela primeira vez, contato com noções de planejamento familiar.

Mas é inescapável reconhecer que também há os efeitos nocivos, em especial sobre os jovens. A contínua irradiação de modismos tolos e a tendência (talvez inerente ao gênero) de exploração nos enredos de algumas das piores fraquezas humanas, como a traição e a ganância, conferem certa razão àqueles que as apontam como algo pouco educativo.

O fato é que, com o potencial de influência que têm, as novelas podem ser mais do que mero entretenimento e se tornar instrumentos eficazes de apoio à formação das pessoas.

Ao falar em formação, penso no incentivo à agregação familiar, na disseminação de valores, enriquecimento cultural e motivação aos jovens para que estudem, se desenvolvam e empreendam.

Nossos autores, tão talentosos, poderiam usar o meio para inserir (ou reforçar) no ideário do país a crença no trabalho duro e honesto como forma de ascensão social e nos benefícios que isso representa para o indivíduo e para a coletividade.

Tais programas também poderiam servir para orientar a escolha profissional de rapazes e moças. Para tanto, bastaria que mostrassem, de modo consistente, a realidade das várias ocupações do mundo do trabalho -o que seria de enorme valia para muitos jovens brasileiros.

O incentivo a comportamentos éticos e os conteúdos que formam a cultura dos indivíduos não devem ficar restritos aos canais educativos, às escolas ou às famílias.

As novelas, forma de arte na qual somos mestres, podem contribuir e muito para elevar os brasileiros a mais altos padrões de princípios morais e cívicos, conhecimento e desenvolvimento pessoal.

 

Audrey Furlaneto

Clara e Fred já estão entre vilões favoritos de autor

Os noveleiros que se sentiram órfãos de vilões em ‘Viver a Vida’, a última trama de Manoel Carlos, autor de mulheres sofridas ao som de bossa nova, já podem sorrir: os psicopatas estão de volta.

E com assinatura de Silvio de Abreu, autor que está para os malvados como Manoel Carlos para as Helenas.

Em ‘Passione’ (Globo), há Clara, loba em pele de cordeiro. Aliás, muita pele: vivida pela atriz Mariana Ximenes, cruzou capítulos de lingerie, escalando o corpo de Fred (Reynaldo Giannechini). Tanto que foi até motivo para que a classificação indicativa da novela das oito mudasse de dez para 12 anos.

A pedido da coluna, Silvio de Abreu escolheu e comentou os tiranos prediletos que criou em sua carreira, de Otávio (Paulo Autran), de ‘Guerra dos Sexos’ (1983), a Laurinha Figueroa (Glória Menezes), de ‘Rainha da Sucata’ (1990) (leia ao lado).

Os célebres vilões, é fato, eram vividos por atores consagrados. A ver se Ximenes e Gianecchini terão espaço no hall de psicopatas do autor.

Ao menos para ele, os dois já são favoritos: ‘Como Clara Medeiros [Ximenes], Fred [Gianecchini] ainda está começando, mas já pinta como um dos grandes vilões da minha lista, com sua cara de anjo e sua alma de demônio’.

Médium banana 1 O grupo Banana Mecânica (mais conhecidos como ex-Hermes e Renato) vai retomar no ‘Legendários’ (Record) as sátiras de novelas que faziam nos tempos de MTV. A primeira, é claro, será uma versão de ‘Os Mutantes’, a já clássica trama da emissora.

Médium banana 2 A versão Banana se chamará ‘Mutontos’ e será livremente baseada na série de filmes e gibis ‘X-Men’. Mas aqui o Professor Xavier, líder dos super-heróis dos gibis, ganhará caracterização própria: o visual será inspirado no médium brasileiro Chico Xavier.

Passeata 1 Os planos revolucionários de Flores (Antonio Grassi) ganharão força nos próximos capítulos da novela ‘Ribeirão do Tempo’ (Record). As maquinações serão reaquecidas pela chegada de um velho companheiro de lutas dele, chamado Zé Mário.

Passeata 2 Segundo o autor da trama, Marcílio Moraes, com a chegada do novo personagem, ele pretende que ‘fiquem mais claros para o espectador as ideias e os projetos alucinados de Flores, ao mesmo tempo em que revivo velhas discussões sobre o movimento revolucionário. Vai ser divertido’.

DALILA EM DIAS DE SANSÃO

Recém-chegada ao Rio, na quinta, Mel Lisboa foi direto para a Record, onde participaria de workshop sobre ‘Sansão e Dalila’, que protagonizará. Dali, voltaria a São Paulo para o ensaio da peça ‘Mulheres Alteradas’. Entre idas e vindas, estuda filmes baseados na história bíblica. ‘Dalila é uma poderosa, me identifico com isso. E não a faremos de modo maniqueísta. Será humana, não só uma traidora.’

 

Clarice Cardoso

HBO procura tiros e explosões no Chile

No topo dos Andes, na calmaria gelada, um som interrompe o silêncio no centro de esqui La Parva: tiros. Bandidos trocam reféns e balas no teleférico. Todos se assustam. O diretor Jonathan Jakubowicz entra: ‘Corta!’.

Está encerrada a gravação de uma cena de ‘Prófugos’, série que a HBO produz no Chile. É a sétima do canal na América Latina, primeira de ação fora dos EUA.

Tudo começa quando quatro malandros resolvem dar um golpe e aceitam o convite de uma traficante para levar um caminhão de cocaína líquida da Bolívia até o Chile.

Termina numa confusão perigosa entre os quatro foragidos (daí o título), a polícia e um grande cartel. ‘Não há silêncios’, resume o produtor Rodrigo Flores.

As duas semanas que se seguem serão contadas nos 13 episódios da primeira temporada, prevista para o segundo semestre de 2011.

DROGA DE VIDA

Voltar a abordar o narcotráfico na América Latina é um tema delicado. ‘As coisas têm peso por uma razão, não podemos ignorá-las. É uma desgraça comum ao continente’, dispara o diretor-geral Pablo Larraín (do badalado longa ‘Tony Manero’).

‘A droga que serve de mote para a ação logo desaparece e dá lugar a outros temas’, diz o ator Benjamín Vicuña.

Um dos mais famosos do estrelado elenco local (participou de ‘Os Simuladores’), ele fez contato com traficantes reais para viver o infiltrado Tegui. Policiais também foram consultores do elenco.

As cenas foram gravadas por todo o Chile, da neve de La Parva às praias de Valparaíso (confira ao lado). ‘Nosso maior trunfo e dificuldade é a itinerância. Passamos só três ou quatro dias em cada local’, afirma Flores. Atrás do projeto há quatro anos, esteve na linha de frente para a aprovação pelo canal.

‘Convencê-los não foi fácil. Não temos o tamanho de mercado do Brasil, da Argentina, do México’, diz. Ou seja: para ser exportada, a série ‘neutralizou’ o Chile.

‘Particularmente, gostaria de me aprofundar mais no país, o que não faremos’, diz o ator Francisco Reyes.

‘Baixamos o tom das atuações, falamos mais baixo, com menos gestos. É bem diferente da nossa TV’, explica o ator Néstor Cantillana.

‘Mas o universal é o local, já dizia Aristóteles’, arremata Jakubowicz, que se sai bem de outra pergunta espinhosa: como tratar o tema sem cair na apologia? ‘Não fazemos a violência ‘cool’ como nos filmes porque aqui ela é parte de nossas vidas.’

Serão seis meses de gravação. Uma cena, que envolve tiroteio e explosões, fechou as ruas do centro de Santiago por três finais de semana seguidos para ser filmada.

Um cuidado com detalhes que apareceu nos 15 minutos a que a Folha assistiu e que agrada à emissora. E deixa pistas de que uma segunda temporada pode vir por aí.

A jornalista CLARICE CARDOSO viajou a convite da HBO.

 

Vitor Moreno

Ator de ‘Glee’ diz que se acostumou a atuar sobre rodas

Paraplégico, Artie Abrams se levanta e começa a cantar e a dançar. A sequência, que ocorreu em um sonho e deve se repetir em outros episódios de ‘Glee’, foi libertadora para o personagem, mas tudo em que o ator Kevin McHale, 22, conseguia pensar era: ‘Cadê a minha cadeira de rodas?’.

Em São Paulo para divulgar os episódios inéditos da primeira temporada, que voltam a ser exibidos na próxima quarta, o ator, que não tem nenhuma deficiência física na vida real, contou à Folha que se sente ‘confortável’ de atuar sobre rodas.

Ele diz que disputou o papel com atores que são cadeirantes de verdade. ‘Não sei se isso traria aspectos diferentes ao personagem. Por sorte, gostaram de como eu apresentei o Artie’, explica.

Para ele, a série acerta ao fugir do estereótipo. ‘O mais divertido é o fato de ele não ser só um paraplégico, mas um garoto normal que vai à escola, que é um pateta e que também é um ‘nerd’.’

‘Glee’ lidera entre as comédias as indicações ao Emmy -ao todo recebeu 19. O resultado sai em agosto.

O texano diz que não tem regalias nos ensaios, mesmo fazendo as coreografias sentado. ‘Aprendo todas as danças. Depois, tento adaptar o que os outros estão fazendo na cadeira de rodas.’

A exemplo da tetraplégica Luciana, vivida por Alinne Moraes em ‘Viver a Vida’, novela que a Globo exibiu até maio, ele diz receber muito retorno de cadeirantes. ‘Se isso ajuda essas pessoas a ter mais representatividade, acho que estamos fazendo algo certo’, analisa.

E, como Luciana, ele diz que não acredita que Artie volte a andar na série. ‘Não seria realista. Deixem-no na cadeira de rodas!’, pede.

QUASE BRASILEIRO

McHale está em sua segunda visita ao Brasil -ele esteve no país há dois anos. Desta vez, chegou mais cedo e só volta aos Estados Unidos amanhã, quatro dias após os compromissos profissionais.

O ator esteve em Salvador e Barra Grande com a família do brasileiro Daniel Esposito, que mora no mesmo condomínio dele em Los Angeles.

Assistiu à eliminação do Brasil na Copa por aqui. Depois do jogo, escreveu no Twitter: ‘Brazil. por que?!’. ‘Achei que ia chorar’, conta.

Ele diz que gostaria que os colegas viessem ao Brasil para uma versão internacional da turnê que fizeram pelos EUA. ‘Estou tentando trazer todos para cá. Se dependesse de mim, estaria feito.’

E, mesmo sem falar português (‘só palavrões’), ele tem na ponta da língua a música brasileira que cantaria em ‘Glee’: ‘Não Quero Dinheiro’, de Tim Maia.

NA TV

Glee

QUANDO qua., às 22h, na Fox

CLASSIFICAÇÃO 14 anos

 

Franquia de ‘CSIs’ desobedece ao tempo e complica detetives

O tempo é um conceito diferente no seriado ‘CSI’.

Criado por Anthony E. Zuiker, virou uma franquia que persiste há dez anos.

‘CSI’ virou um gênero da TV. É a mãe das séries forenses, de investigação de evidências e baseadas em análises de DNA e de digitais.

No Brasil, a série é exibida pela Record e pelo AXN. Na TV paga, o capítulo final da décima temporada tem reprise hoje (17h e 23h).

O episódio é emblemático das distorções da ficção. Laurence Fishburne conduz o interrogatório de um assassino. Na vida real, os detetives apenas analisam as amostras e as cenas dos crimes.

Com isso, a polícia tem de responder ao público, que quer resultados mais rápidos do que a tecnologia permite.

Os atores reconhecem o problema. Gary Sinise, que lidera ‘CSI: NY’, acha que ‘a série criou problemas para os promotores públicos’. ‘Mas também ajudamos a divulgar técnicas e a aproximar as pessoas do lado certo da lei.’

 

Vanessa Barbara

Detetives pouco selvagens

ELE TEM medo de germes, agulha, leite, morte, cogumelos, altura, multidões, elevadores, coisas redondas, lençóis e filhotes (nessa ordem). Também evita o contato com liquidificadores e abelhas -e com abelhas em liquidificadores.

Adrian Monk, o detetive menos destemido de San Francisco, finalmente desvendou seu principal caso após oito temporadas tentando descobrir quem matou a mulher, Trudy, em ‘Monk’ (Record, às sextas, à 0h15; 14 anos).

Nesse período, mesmo sendo dependente de lencinhos de limpeza e sofrendo de um severo transtorno obsessivo-compulsivo, ele conseguiu resolver 125 crimes. Venceu os meliantes mais durões e encarou sérias ameaças, embora tivesse pânico de joaninhas. (‘Tem natureza nas minhas mãos!’, ele grita, após se sujar com terra.)

Adrian Monk é a prova televisiva de que as limitações pessoais podem ser contornadas e até transformadas em qualidades -’é um dom e uma maldição’, afirma.

Monk usa sua patológica fixação pelos detalhes para identificar o que ele chama de ‘peças fora do lugar’ na cena do crime. ‘Esta sala é um pesadelo do feng shui!’, reclama. Para ele, tudo precisa fazer sentido. Por mais que, na vida cotidiana, essas minúcias quase o tornem incapaz, são elas que lhe dão vantagem durante a investigação, convertendo suas fraquezas em forças.

Outro grande exemplo desse paradoxo é o detetive Columbo, da série homônima, a quem ninguém dá a mínima porque é vesgo, malvestido, descabelado e confuso. É justamente esse o seu método de solucionar crimes: aproveitando-se da arrogância alheia.

Quanto mais poderoso o assassino, mais superior ele se sente e, assim, tenta didaticamente trazer o pobre detetive à luz. É aí que Columbo, prestes a sair da sala e agradecer pelas informações -para alívio do suspeito-, diz: ‘Só mais uma perguntinha’. E desmonta o caso.

Em suma, ambos são ‘o oposto do Batman’, têm olho de vidro ou podem surtar diante de inofensivas gaitas, mas, no final, levam a melhor. Com todas as peças do homicídio encaixadas, Adrian Monk pode, enfim, descansar. ‘A menos que eu esteja errado, o que, você sabe, eu não estou…’

 

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