Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Gannett amplia atuação no mercado com compra da Belo

A Gannett, maior editora de jornais dos EUA, irá comprar a Belo Corporation por US$ 1,5 bilhão (mais de R$ 3 bilhões), em um acordo que quase dobra o portfólio de TV do grupo – de 23 para 43 emissoras locais – e expande seu alcance para quase 1/3 dos lares, ocupando o quarto lugar no mercado americano.

Com isso, a empresa diversifica suas operações midiáticas em um momento no qual a mídia impressa continua a lutar pela sobrevivência. Trata-se da maior venda de uma companhia de TV local em uma década, em meio a uma onda de consolidação da indústria. Um dos rivais da Gannett, o Sinclair Broadcast Group, está comprando duas empresas proprietárias de emissoras menores. “Os maiores acordos estão sendo feitos mais rápido do que a maior parte das pessoas espera”, disse Robin Flynn, analista senior da SNL Kagan.

A compra da Belo fará com que a Gannett ocupe o terceiro lugar nos EUA entre as proprietárias de emissoras locais, em receita, atrás da News Corp, que possui 27 afiliadas e a rede Fox, e da CBS, com 29 afiliadas.

As vantagens de ser grande

Os proprietários de emissoras locais, como a Gannett, têm diversas razões estratégicas para querer crescer. Além dos óbvios ganhos em eficiência, empresas maiores tendem a ter mais força quando negociam taxas de retransmissão com distribuidores de satélite ou cabo. Essas taxas vêm se tornando importantes na medida em que as emissoras tentam previnir declínios de audiência. Além disso, uma empresa maior tem mais vantagem para negociar com redes que fornecem programação. Redes como CBS são agressivas sobre receber uma parte das taxas de retransmissão das emissoras, algo conhecido na indústria como compensação reversa.

Ter presença em mais mercados ao longo do país – a Gannett terá 21 emissoras nos 25 maiores mercados americanos após o acordo – pode também ajudar na publicidade. As emissoras locais em estados com eleições acirradas têm se mostrado especialmente valiosas para investidores como resultado de um aumento na propaganda política a cada dois anos. “Mesmo com campanhas sendo feitas cada vez mais na plataforma online, com as mídias sociais, eles ainda gastam uma tonelada na emissora local para espalhar suas mensagens”, disse Fratrik.

Diversificação

Sob os termos do acordo, a Gannett pagará US$ 13,75 por ação, 28% acima do preço de fechamento na quarta-feira (12/6). O grupo também assume as dívidas de US$ 715 milhões da Belo. Com o anúncio, as ações da Gannett subiram mais de 24%. “Estamos transformando, com sucesso, a Gannett em uma empresa multimídia diversificada, com componentes de transmissão, digitais e de publicação [ela é proprietária do USA Today e de mais 81 jornais] em todos os mercados de alto crescimento no país, e esse é outro passo importante no processo”, disse Gracia C. Martore, executiva-chefe do grupo.

Segundo Gracia, as conversas com a executiva-chefe da Belo, Dunia A. Shive, já vinham acontecendo há algum tempo. As duas chegaram à conclusão de que fazia sentido uma fusão para criar um dos maiores servidores de TV local dos EUA e, eventualmente, começaram com negociações exclusivas. “Esse é um verdadeiro ganha-ganha. Estamos entusiasmados em poder reunir duas empresas de mídia respeitadas com histórias ricas de jornalismo premiado, excelência operacional e forte liderança de marca. O acordo melhorará nosso fluxo de caixa e força financeira, nos permitindo pagar rapidamente a dívida enquanto continuamos comprometidos à alocação disciplinada de capital”, afirmou.

O acordo deve ser concluído até o final do ano, sujeito à aprovação de reguladores. Para isso, deve seguir regras federais sobre concentração privada de mídia e fará mudanças em alguns mercados em que ambas as empresas têm propriedades.

Depois da compra, o segmento de emissoras deve contribuir com mais da metade da renda operacional da empresa antes de se descontar juros, impostos e outros itens. Combinada com a unidade digital, deve contribuir com quase 2/3. A fusão resultará em US$ 175 milhões em economia nos próximos três anos, em grande parte por conta da eliminação de funções duplicadas e outros custos.