Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Governo censura notícias sobre Nobel da Paz

A notícia de que o dissidente político chinês Liu Xiaobo, condenado em 2008 a 11 anos de prisão por ‘atos subversivos’, ganhou o Prêmio Nobel da Paz conquistou rapidamente destaque na mídia em todo o mundo, no fim da semana passada – exceto na China. Quem acompanhou o noticiário nas emissoras de TV e grandes sites do país não achou nada a respeito. A agência de notícias oficial chinesa, a Xinhua, divulgou apenas uma matéria em inglês e chinês, deixando clara a insatisfação do governo com o prêmio.

Internautas que buscassem em sites chineses como Sina, Sohu, Weibo e Baidu pelas palavras-chave ‘Prêmio Nobel da Paz’ e ‘Liu Xiaobo’ não obtinham sucesso. Mensagens de texto via celular que continham o nome completo do ativista foram bloqueadas.

Xiaobo, escritor, crítico literário e ex-professor universitário, foi homenageado por ‘sua longa e não violenta luta por direitos humanos na China’, explicou, no anúncio do prêmio, o presidente do comitê do Nobel, o norueguês Thorbjoern Jagland. O intelectual foi preso depois de assinar a Carta 08, manifesto em defesa da abertura política no país. A China alertou a Noruega que as relações entre os dois países ficariam afetadas com a escolha. O país opera um vasto sistema de censura online, com bloqueio a conteúdo considerado inaceitável pelo governo. Informações da AFP [8/10/10].

 

Mulher de Xiaobo é presa depois de visitá-lo

A mulher de Liu Xiaobo, Liu Xia, recebeu permissão para visitar o marido no domingo [10/10], mas ao deixar a penitenciária foi levada de volta a Pequim e colocada sob prisão domiciliar. O telefone e a internet da casa de Liu foram cortados, e oficiais da segurança do Estado a proibiram de entrar em contato com amigos ou com a mídia. Ela só pode deixar a casa acompanhada pela polícia.

Na noite de sexta-feira [8/10], 20 pessoas, entre blogueiros, advogados e acadêmicos, foram detidas por se reunirem em uma sala privada de um restaurante da capital para celebrar o prêmio concedido a Xiaobo. Dois dias depois, 10 convidados do jantar haviam sito libertados; três receberam ‘sentença’ de oito dias de prisão por perturbação da paz; e sete foram retirados de Pequim. Com informações do New York Times [10/10/10].