Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Governo controla imagem no aniversário da Revolução

Após meses de crescentes manifestações em oposição ao presidente Mahmoud Ahmadinejad, o governo iraniano fez o possível para impedir – ou, pelo menos, limitar – a atuação de críticos ao regime e a cobertura independente da celebração do aniversário da Revolução Islâmica, comemorado na quinta-feira (11/2). Ahmadinejad discursou em uma grande praça em Teerã cercado de partidários – trazidos de ônibus de todos os cantos do país. O esquema de segurança foi pesado e teve início na noite anterior à comemoração, com o objetivo de impedir a aproximação de manifestantes críticos ao governo.

Membros da oposição também não conseguiram chegar perto do presidente, que em seu discurso nacionalista aproveitou para criticar governos ocidentais e ressaltar a capacidade do país de construir armas nucleares. ‘Entendam que as pessoas do Irã são corajosas o bastante para, se quiserem construir uma bomba, anunciar isso e construí-la sem medo de vocês’, afirmou. ‘Quando dizemos que não vamos construir significa que não vamos’. O governo americano e a União Europeia acusam o Irã de manter um programa para a construção de bombas nucleares, enquanto a administração de Ahmadinejad insiste que tem interesse apenas em usar a energia nuclear com objetivos pacíficos.

Visto negado

Com a aproximação da data do aniversário, diversos jornalistas de veículos ocidentais tiveram seus vistos para entrar no país negados, enquanto os poucos correspondentes estrangeiros que vivem no Irã tiveram que trabalhar sob duras restrições. Membros do governo afirmaram que mais de 200 jornalistas receberam permissão para cobrir o evento; na prática, repórteres selecionados foram escoltados até a praça e instruídos a não reportar protestos da oposição. Telefones e a internet também sofreram interferência.

Hoje, o Irã tem 65 jornalistas detidos, de acordo com dados da organização Repórteres Sem Fronteiras. O país é considerado, atualmente, a maior prisão do mundo para profissionais de imprensa, segundo o relatório anual sobre liberdade global do Instituto Internacional de Imprensa (IPI), divulgado na semana passada. Informações de Ian Black [The Guardian, 11/2/10] e do New York Times [12/2/10].

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