Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Igreja Católica vs. Berlusconi

O escândalo envolvendo o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, e jovens mulheres parece estar longe do fim. A prostituta de luxo Patrizia D`Addario alegou ter provas de que passou uma noite na casa dele, em Roma. Berlusconi negou tudo, mas promotores estão examinando imagens que Patrizia teria feito do quarto do premiê e registros de supostos telefonemas dele para ela.


Para complicar ainda mais a situação, a Igreja Católica resolveu se meter no assunto, e alertou que o primeiro-ministro ultrapassou os ‘limites de decência’. ‘É preciso ter limites. Os limites de decência foram excedidos’, disparou a Famiglia Cristiana, influente revista católica distribuída em paróquias na Itália. A Famiglia Cristiana foi a segunda publicação católica a criticar o político. O jornal da conferência de bispos da Itália, Avvenire, já havia pressionado Berlusconi, na semana passada, a responder às acusações.


Mesmo diante das críticas da Igreja, um confiante Berlusconi afirmou esta semana à revista de fofocas Chi, de sua propriedade, que não tem nada do que se desculpar. ‘Nunca paguei por uma mulher. Nunca entendi qual a satisfação quando se está perdendo o prazer da conquista’, afirmou o primeiro-ministro, que tem 72 anos. Italianos, no entanto, estão passando a ver com outros olhos o controverso político – que ocupa o cargo pela terceira vez. Até então, ele havia dito que as acusações não passavam de uma campanha de difamação orquestrada pela oposição. Na capa da Chi, Bersluconi aparece sorridente ao lado do neto de um ano. No interior da revista, mais fotos com filhos e netos.


Divórcio conturbado


A série de escândalo s que inferniza a vida do primeiro-ministro começou quando sua mulher, Veronica Lario, anunciou que havia pedido o divórcio. Na ocasião, ela condenou a ida dele à festa de aniversário de 18 anos da aspirante a modelo Noemi Letizia, a quem Berlusconi presenteou com um colar de diamantes. A mulher no centro do atual escândalo, Patrizia, contou ao jornal Corriere della Seraque recebeu US$ 1,4 mil para comparecer a uma festa na residência de Berlusconi em Roma, em outubro de 2008, voltando em novembro para ‘passar a noite’. Ela usou um gravador e entregou as fitas à procuradoria de Bari, que investiga um empresário local, Giampaolo Tarantini, acusado de agenciar mulheres. Berlusconi diz que não se lembra de Patrizia e sugere que ela teria recebido dinheiro para inventar as acusações – o que ela nega.


Para tentar melhorar sua imagem, o premiê lançou, esta semana, uma nova campanha turística para a Itália, afirmando que o país precisa se recompor internacionalmente depois de ter a reputação afetada por seus escândalos pessoais e pela crise de lixo em Nápoles, no ano passado. As acusações mais recentes contra o primeiro-ministro surgem semanas antes de ele receber o presidente americano Barack Obama e outros líderes em um encontro do G-8 na cidade de Aquila, atingida por um terremoto em abril deste ano. Informações de Alessandra Rizzo [Associated Press, 24/6/09].