Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Imprensa invade privacidade, público acompanha avidamente

A polêmica se instalou na Argentina depois que o programa de fofocas Intruso tornou pública correspondência pessoal do apresentador de TV Juan Castro, revelando sua homossexualidade, dependência de drogas e problemas familiares. O detalhe é que Castro, até então considerado um bem sucedido astro da televisão, estava em coma no hospital, após ter se atirado do terraço de seu apartamento num elegante bairro buenairense. O apresentador acabou morrendo.

Os veículos de comunicação se dividiram: alguns criticaram a postura do programa Intruso, outros igualmente aproveitaram o grande apelo popular do drama para aumentar as vendas. Houve também aqueles que tentaram fazer as duas coisas. Segundo Martín Mazzini, da revista 23, Castro era o tipo de celebridade que o público acreditava conhecer pessoalmente. Ele já havia discutido sua vida sexual e seu vício na TV, e, por isso, o tratamento dado pela imprensa sensacionalista ao caso não teria sido surpresa.

O jornalista Jorge Rial, um dos mais criticados pela exploração do suicídio escreveu na revista Papparazzi, defendendo-se: ‘Juan Castro não é um mártir. É apenas uma vítima. Das drogas e da televisão. (…) As cartas [que publiquei] não o mataram.’ O vice-presidente da Associação de Defesa dos Jornalistas Independentes, Isidoro Gilbert, não aceita esse tipo de argumento. Ele acredita que o caso pode prejudicar a reputação de todos os jornalistas e defende que o papel da imprensa deve ser debatido. Como informa Paul Hamilos, em reportagem para o Guardian [13/4/04], muitos leitores e telespectadores argentinos fizeram reclamações a publicações e emissoras sobre o tratamento dado à intimidade de Castro. O assunto fez jornais e revistas se esgotarem nas bancas e impulsionou extraordinariamente os índices de audiência da televisão.