Jornalistas da região sul do Sudão enfrentam intimidação cada vez maior por parte dos serviços de segurança do governo, diante da eleição marcada para abril – a primeira multipartidária em 24 anos, noticia a AFP [5/3/10]. A Agência para Mídia Independente (AIM) informou que registrou diversos episódios de ameaças à mídia em toda a região autônoma do sul em 2010, incluindo prisões e casos de violência. ‘Repórteres vêm sendo presos, ameaçados, humilhados, molestados, torturados e detidos sem nenhuma razão clara’, afirmou David De Dau, presidente da AIM.
Um jornalista foi agredido após forças de segurança terem ficado irritadas com os comentários feitos por ele em um programa de uma estação de rádio comunitária. Na semana passada, serviços de segurança fecharam duas emissoras de rádio que veicularam entrevistas com uma equipe da campanha de um candidato independente que concorre ao governo do estado de Equatória Central. ‘Homens entraram no prédio com armas e me pediram para fechar a rádio’, contou Albino Tokwaro Fabiano, diretor da emissora Liberty. Já a irmã Cecilia Sierra Salcido, da rádio católica romana Bakhita, disse que foi avisada de que não poderia mais divulgar informações políticas.
Uma lei de mídia para a região autônoma do sul já foi escrita, mas sua aprovação foi adiada pelo parlamento. ‘A imprensa não é vista como chave no desenvolvimento do sul, mas como agente espiã ou partido de oposição ao governo’, diz Dau. Todos os partidos políticos do sul do Sudão assinaram um código de conduta para garantir eleições livres e justas, além de terem se comprometido a proteger os direitos dos jornalistas. A região sul do país ficou em ruínas depois da guerra civil com o norte, na qual foram mortas mais de dois milhões de pessoas.