Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Irã corta internet antes de protesto


Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 7 de dezembro de 2009


 


IRÃ


Irã corta internet antes de protesto


‘O governo iraniano limitou o acesso à internet no país na véspera de uma manifestação marcada por estudantes contra o resultado da eleição que em junho reelegeu, segundo os opositores de forma fraudulenta, o presidente Mahmoud Ahmadinejad. Jornalistas estrangeiros no país foram orientados a não sair às ruas. O líder oposicionista e candidato derrotado Mir Hossein Mousavi declarou apoio aos estudantes.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Copenhague, afinal


‘O ‘Guardian’ anunciava, com a manchete on-line ‘14 dias para selar o julgamento desta geração’, que 56 jornais no mundo, Brasil inclusive, publicam hoje um editorial elaborado pelo britânico. O ‘New York Times’, também voltado a Copenhague, destacava o inédito aparato de segurança.


Já a Reuters despachou pesquisa Nielsen/Oxford, informando que ‘a preocupação mundial com a mudança climática diminuiu nos últimos dois anos’.


No alto das buscas de Brasil pelo Yahoo News, reportagem especial de Raymond Colitt sobre uma fazenda experimental na Amazônia que pesquisa maior produtividade e menor impacto na produção de carne. O setor é um dos mais visados na meta brasileira de redução de emissões.


E o G1 destacou entrevista com o americano Al Gore, que não crê em acordo, mas se diz otimista e declara, no destaque, que ‘Lula teve um papel fundamental para estimular outros emergentes a adotarem medidas contra as emissões’, com o anúncio da meta.


GOLPE TOLERADO


Em editorial, o ‘NYT’ lamenta como, após ‘começar forte, o governo Obama hesitou’ em Honduras. Questiona Thomas Shannon, indicado embaixador no Brasil, por ter saído dizendo que os EUA aceitariam as eleições sob controle golpista. Cobra investigação interna do golpe e a volta das ‘liberdades civis, inclusive liberdade de imprensa’. Afirma que, ‘até lá, os EUA não devem restaurar a ajuda a Honduras’, nem a OEA aceitar o país:


‘Os militares de Honduras e de toda a região precisam saber que golpes não serão tolerados.’


OLIGARQUIAS


A ‘New Yorker’ vai além e afirma que ‘a humilhação do governo Obama foi completa’ em Honduras, com a recusa do retorno de Manuel Zelaya. Em longo texto, mostra como o Departamento de Estado cedeu aos republicanos e aos conservadores do próprio governo. E concentra fogo em Thomas Shannon, que acertou com os republicanos a aceitação do pleito, sob regime golpista, antes de viajar a Honduras. Foi uma ‘reação fingida dos EUA’ e:


‘Militares irrequietos e oligarquias nervosas, através de toda a América Latina, tomaram nota disso.’


OPORTUNIDADES


Por outro lado, Peter Romero, que foi subsecretário de Estado de Bill Clinton para a América Latina, assina o artigo ‘Grande desafio, grande oportunidade’, no ‘Miami Herald’. Defende o golpe como defesa da democracia e sugere haver ‘uma dúzia de países, na América Latina, onde o cenário de Honduras poderia se reproduzir’.


Propõe pronta ação para ‘apoiar os nossos amigos, isolar os agitadores populistas e restaurar o consenso democrático que definiu os interesses estratégicos dos EUA nas Américas desde o fim da Guerra Fria’.


UMA MUDANÇA PERDURA


Pesquisas de boca de urna ainda não haviam saído e o espanhol ‘El País’ já saudava em manchete o ‘desenvolvimento da democracia’, no dizer de Evo Morales.


Também no alto da home do ‘NYT’, com dois enviados a La Paz, ‘Uma força por mudança perdura, na Bolívia’. O jornal ouve, entre muitos, um economista formado em Harvard, que descreve como ‘até o FMI está feliz com a economia da Bolívia. Imagine a ironia’.


O ‘Financial Times’, também com dois enviados, entrevistou e destacou na home o ministro da economia, Luis Arce, sobre o crescimento de 4% este ano, ‘apesar da perda de privilégios comerciais nos EUA’. Ele creditou o crescimento ao consumo interno.


A ERA CHINESA


O ‘NYT’ publicou o primeiro capítulo e uma resenha de ‘Quando a China Domina o Mundo’, livro de Martin Jacques, colunista do ‘Guardian’, lançado agora nos EUA. A resenhista Michiko Kakutani questiona desde o título ‘dramático’ até a previsão de que o país logo vai ‘tirar do posto’ os EUA.


No excerto, Jacques se fundamenta em parte no relatório do Goldman Sachs que gerou a expressão Bric e num outro, da PwC, ‘sugerindo que a economia brasileira poderia ser maior do que a japonesa em 2050’.


TOLERÂNCIA SEM FIM


Do canal NY1 aos tabloides ‘New York Daily News’ e ‘NY Post’, ecoou em Nova York a contratação de Rudy Giuliani, ex-prefeito da cidade, para ‘assessor de segurança’ do Rio. Ele ajudaria ‘a preparar a cidade para os Jogos de 2016’, com sua política de ‘tolerância zero’.


Ele ‘vai para o ouro’, no dizer do ‘Daily News’, que acompanhou a visita de Giuliani a ‘uma favela’. O jornal e os demais destacam que é mais uma indicação de que ele desistiu de retomar a carreira nos EUA.’


 


 


POLÍTICA NA REDE


Sergio Torres


Garotinho volta e ataca Cabral em blog


‘Candidato do PR ao governo do Rio em 2010, o ex-governador Anthony Garotinho adotou como estratégia atacar com dureza a gestão do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), a quem apoiou em 2006.


Garotinho chega a insinuar que são de Cabral os US$ 24,3 milhões desviados para a Suíça por fiscais da Fazenda do Estado em 2003. O esquema era comandado por Rodrigo Silveirinha, então subsecretário de Administração Tributária do governo Rosinha Matheus, mulher de Garotinho. Segundo a assessoria do governador, ele não comentará os ataques de Garotinho.


Os ex-aliados estiveram juntos até 2006, no PMDB. Naquele ano, o atual governador foi eleito sucessor de Rosinha. O casal participou da campanha vitoriosa.


Dizendo-se traído por Cabral, Garotinho se filiou ao PR em junho. Sua meta é voltar ao Palácio Guanabara -sede da administração fluminense-, onde esteve de 1999 a 2002.


O principal meio de atacar o governador tem sido pelo site pessoal de Garotinho. Em www.blogdogarotinho.com.br, não há um dia sem críticas à gestão Cabral. Sobre Silveirinha, Garotinho é irônico. ‘Vamos agora conhecer um pouco da verdade. Silveirinha sempre foi grande amigo do atual governador Sérgio Cabral. (…) Sua amizade com o atual governador era tão grande, que quando estourou o escândalo, a mulher de Silveirinha estava nomeada no cargo mais importante da presidência da Assembleia Legislativa pelo então deputado Sérgio Cabral.’


O ex-governador prossegue no tema do esquema do propinoduto: ‘Quando me perguntam pelo Silveirinha, respondo: ‘Perguntem ao Cabral. Eles sempre foram grandes amigos’. (…) Pena que o ex-deputado federal André Luiz, muito amigo de Silveirinha e Cabral, hoje esteja fora de atividade. Porque se ele quisesse prestar um grande bem à sociedade, diria quem é na verdade o verdadeiro dono do dinheiro que estava na conta de Rodrigo Silveirinha na Suíça’.


Antes de mudar de assunto, Garotinho ataca: ‘Aviso a Cabral: é só pra começar. Vem aí o escândalo do aluguel do ar-condicionado para as escolas do Estado. Vocês leram bem? Aluguel. E logo a seguir o esquema da fraude milionária na estocagem dos remédios do Estado. Apertem os cintos’.


Todos os dias, Garotinho publica no blog fotos de Cabral com o governador José Roberto Arruda (DEM-DF), principal personagem do mensalão do DEM. ‘E agora leio nos jornais que a empresa Linknet, envolvida no escândalo do mensalão do Distrito Federal, também tem negócios com o governo Sérgio Cabral.’


Segundo dados do Siafem (Sistema Integrado de Administração Financeira dos Estados e Municípios), desde 2008 o governo Cabral fechou nove contratos com a Linknet, no valor de R$ 35 milhões.


‘Perguntar não ofende: no Rio, a Linknet ganhou os nove contratos por que apresentou o melhor preço?’, pergunta Garotinho no blog.’


 


 


TELEVISÃO


Silvia Corrêa


Cultura exibe primeira safra de filmes


‘Ficaram prontos os telefilmes da TV Cultura -produções inéditas, filmadas em alta resolução especialmente para a televisão. O primeiro deles vai ao ar no sábado, às 23h30. É ‘Para Aceitá-la Continue na Linha’, da cineasta Anna Muylaerte, que levou sete prêmios no Festival de Brasília com ‘Proibido Fumar’. O filme conta a história de Clarinha, paulistana de classe média alta que cai no golpe do falso sequestro.


Nos sábados seguintes serão exibidos ‘Carro de Paulista’ (Ricardo Pinto e Silva) e ‘Corpo Presente’ (Marcelo Toledo e Paulo Gregório). Ugo Giorgetti encerra o projeto com ‘Paredes Nuas’, a única das produções já exibida ao público, na Mostra de Cinema de SP.


A intenção é quebrar a mecânica dominante no país pela qual um filme estreia no cinema, vira DVD, e só então passa na TV. ‘O projeto segue uma tendência mundial de produção independente que não é acompanhada pelo Brasil’, avalia Paulo Markun, presidente da Fundação Padre Anchieta.


Os roteiros foram escolhidos entre 29 inscritos, todos com o tema ‘São Paulo, Essa Metrópole’. Os filmes têm 52 minutos e cada diretor recebeu R$ 600 mil do Estado. A segunda temporada já tem dez finalistas, com ideias sobre a região da Luz. ‘Como são para a TV, os filmes têm planos mais fechados e os diretores trabalharam prevendo interrupções [comerciais] e um nível diferenciado de atenção do telespectador’, afirma Markun.


DOSE DUPLA


Tem chance de ser definitiva a exibição de ‘A Fazenda’ em dois blocos, às terças e quartas. O teste feito na semana passada agradou. Entrou antes e depois de ‘Bela, a Feia’. A audiência da parte final -que não enfrenta a novela da Globo- foi mais do que o dobro da primeira.


NOVELA DAS SETE


Vai bem a novela de Walcyr Carrasco. Na última quinta, a audiência de ‘Caras e Bocas’ superou a do ‘JN’. Foi 33 a 30 no ibope. Isso ocorreu em 27% das exibições deste ano. Em 2008, o jornal só perdeu em 3% dos dias. Mas o recorde é de ‘A Cor do Pecado’: superou 79% das edições do ‘JN’ em 2004.


LADO B


Nos últimos dias, vazou palavrão no ar na RedeTV! e na Bandeirantes. Sinal amarelo.


GONDRY CASEIRO


Quando veio ao Brasil com a exposição ‘Rebobine, Por Favor’, o diretor francês Michel Gondry fez um filminho usando os cenários improvisados oferecidos na oficina de cinema. Batizada de ‘O Misterioso Desaparecimento de Eriberto’, a obra -tosca e engraçada- vai ao ar hoje no ‘Fiz TV’, da MTV.


DEU NA INTERNET


E Camila Trindade venceu a terceira temporada do ‘Brazil’s Next Top Model’, exatamente como estava na Wikipédia semanas atrás. A Sony afirma que foi chute e que até o Zico já tinha aparecido como vencedor.


MARCA DO PÊNALTI


O costureiro Ronaldo Esper, que já não grava há um mês, deve deixar o ‘Superpop’ (RedeTV!). A vaga fica com o quadro ‘A Patroa é um Avião’.’


 


 


Laura Mattos


Record estreia novo benefício fiscal


‘A Record anuncia que saiu na frente no uso de um novo benefício fiscal para as TVs abertas.


A emissora exibe em 28 de dezembro o telefilme ‘Uns Braços’, adaptado de conto homônimo de Machado de Assis, inteiramente pago por esse incentivo fiscal. A produção está orçada em cerca de R$ 600 mil.


O recurso advém de um artigo da Lei do Audiovisual (chamado 3º A), regulamentado no final do ano passado -o primeiro a beneficiar diretamente emissoras abertas com incentivo fiscal (leia quadro abaixo).


Os canais que compram eventos esportivos internacionais, como Copa e Olimpíada, ou obras estrangeiras (filmes, séries etc.) podem utilizar parte do imposto pago pela importação desses produtos na produção de programas nacionais.


É preciso aprovação da Ancine (Agência Nacional de Cinema) e parceria com uma produtora independente para a realização de qualquer projeto que faça uso desse mecanismo.


A Folha apurou que a Record já havia tentando utilizar recursos do artigo 3º para gravar o seriado ‘Louca Família’, do humorista Tom Cavalcante, mas não obteve autorização da Ancine, que também promete vetar programas de auditório, novelas e reality shows.


Praia no interior


A produtora independente Contém Contéudo é a responsável por ‘Uns Braços’. Em 2008, foi parceira da Record na adaptação de outro conto de Machado de Assis, ‘Os Óculos de Pedro Antão’, exibido como especial de final de ano.


A produção anterior também custou R$ 600 mil. Teve apoio da Lei Rouanet, patrocínio da Petrobras e do Banco do Brasil, mas precisou de investimento direto da Record, o que não ocorre com o novo telefilme.


‘Uns Braços’ é protagonizado por Celso Frateschi. ‘Um dos motivos pelos quais esse projeto me atraiu foi justamente essa nova frente que se abre na TV aberta, que está arejando sua programação com produção independente a partir dos benefícios fiscais’, diz o ator.


Para ele, ‘o povo brasileiro se empobrece da visão fechada da TV aberta’. ‘É até paradoxal, mas é isso mesmo. A TV aberta tem visão fechada’, reforça.


Além de Frateschi, estão no elenco Anna Petta, que interpreta uma corregedora na série ‘9MM’, da Fox, e pelo novato Antonio Moraes, de 16 anos.


A equipe está filmando em um casarão histórico em Santana do Parnaíba, a 40 km de São Paulo. O conto se passa em 1870, no Rio de Janeiro. Por isso, o diretor Adolfo Rosenthal conta que o mar da Lapa terá de ser visto pela janela da casa do interior de São Paulo. ‘O computador vai trazer o mar carioca para cá’, brinca o diretor, em entrevista durante filmagens acompanhadas pela Folha.’


 


 


Rodrigo Russo


Drama jurídico mostra amigos em lados opostos nos tribunais


‘Eles foram amigos durante a faculdade de direito, mas agora, já formados, estão em lados opostos do balcão. É esse o ponto de partida de ‘Raising the Bar’ (‘bar’ é um termo que em inglês pode se referir a associações de advogados), mais um seriado a explorar o universo jurídico, cujo último episódio da primeira temporada é exibido hoje pelo canal AXN.


Na trama, Mark Paul Goselaar (que repete aqui a dobradinha com o produtor Steven Bochco, com quem trabalhou em ‘Nova York Contra o Crime’) é o defensor público Jerry Kellerman, um profissional que não se contenta com o sistema jurídico americano.


À Folha, o protagonista disse que ‘ainda sente a tensão racial como um componente das decisões criminais nos EUA, então não seria justo que a ignorássemos’. De fato, no último episódio, promotores tentam reverter a decisão de um caso envolvendo um bombeiro negro, acusado de roubo durante um incêndio, que acreditam ter sido influenciada por racismo.


Em busca de espectadores, na segunda temporada nos EUA, a série criou até perfis no Twitter para cada personagem.


RAISING THE BAR


Quando: hoje, às 21h, no AXN


Classificação: 14 anos’


 


 


E-BOOK


Raquel Cozer


O futuro chegou antes


‘Foi como um futuro inevitável, porém distante, que editores e livreiros falaram ao longo de todo o ano sobre chegada da revolução digital de livros ao Brasil. Mas os últimos avanços atropelaram todas as expectativas, e agora as empresas do país correm para tentar se adaptar.


Neste mês, começa a funcionar a primeira e-bookstore brasileira a oferecer o seu próprio leitor eletrônico de livros. A Ediouro promete, em janeiro, passar a lançar todos os seus títulos nos formatos papel e digital. Em março, a livraria Saraiva deve pôr no ar um ambicioso sistema de download de títulos, um tipo de iTunes dos livros.


São ao menos três iniciativas tupiniquins que tentam espaço num mercado em que os primeiros passos foram dados pelas americanas Google (com o plano de expansão da digitalização de livros pelo Google Books) e Amazon (com a venda do leitor Kindle no Brasil).


E são ações que, é claro, ainda encontram barreiras. O primeiro lançamento da Ediouro em e-book -’O Seminarista’, de Rubem Fonseca, há um mês- deixou usuários desorientados com atrasos de dias na chegada do livro eletrônico após a compra. Ela deveria ser imediata.


O livro ainda não pode ser comprado pela Amazon, por pendências no contrato. Pode ser baixado pela loja virtual da editora (www.lojasingular.com.br), pelo www.smashwords.com e pelo iTunes. Newton Neto, diretor de tecnologia e mídias digitais da Ediouro, diz que vende de 10 a 15 exemplares do formato eletrônico por dia -número expressivo, mas ‘muitíssimo inferior’ à venda em papel.


Caso passe mesmo a lançar todos os livros nos dois formatos em janeiro, a Ediouro será a editora nacional mais avançada nesse quesito. ‘Não fazemos tudo no nosso quintal, temos parcerias com empresas estrangeiras’, diz Neto.


Parceria


Anunciada como a primeira e-bookstore brasileira, com estreia marcada para 15/12, a Gato Sabido também tem parceria com uma empresa de outro país, a britânica Cool-er. Foi de lá que o economista carioca Carlos Eduardo Ernanny trouxe o leitor eletrônico que será usado pela loja. Há um ano envolvido no projeto, diz já ter investido R$ 800 mil nele.


O leitor Cool-er é mais simples que o Kindle -o aparelho britânico não tem conexão sem fio, como o americano-, mas custa menos: R$ 750, contra os mais de R$ 1.000 com que o Kindle chega ao Brasil, incluídas as taxas.


O desafio da loja será conseguir conteúdo com as editoras. Ernanny diz que já tem o aval de ‘três grandes escritores brasileiros’ e está em conversas com a Companhia das Letras, a Objetiva e outras. A única grande confirmada é a Zahar. No dia 15, quando a loja iniciar as vendas, terá da editora apenas três títulos: ‘Shakespeare e a Economia’, de Gustavo Franco e Henry Farnam, ‘Freud e o Inconsciente’, de Luiz Alfredo Garcia-Roza, e ‘Morreu na Contramão’, de Arthur Dapieve.


Mariana Zahar, diretora-executiva da editora, diz que a meta é que até março 300 títulos estejam disponíveis para venda digital. Não só na Gato Sabido. ‘Estamos conversando com a Amazon e outras empresas. É zero exclusividade. Livrarias brasileiras também devem lançar logo suas próprias e-bookstores’, diz Mariana.


O maior projeto nesse sentido é o da Saraiva. O diretor presidente da livraria, Marcílio Pousada, diz só que vai ‘entrar no mercado de livro digital de uma maneira muito boa, como fizemos com o sistema de download de vídeos, em maio’.


A Folha apurou que o sistema foi apresentado a ao menos seis editoras, incluindo a Objetiva, a Companhia das Letras e a Record, e que o lançamento deve ocorrer em março -data que Pousada não confirma. Trata-se de um programa que o usuário instalará no computador e que permitirá o download para Kindle, iPhone e outros.


Para as editoras, a maior dificuldade é atualizar os contratos com autores para incluir os direitos digitais. Sorte de editoras como a Intrínseca, que tem só 50 títulos no catálogo; azar de outras como a Record, com mais de 5.000 -para quem a conversão para o mundo digital será bem mais trabalhosa.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 7 de dezembro de 2009


 


LIBERDADE DE IMPRENSA


Moacir Assunção


Jornalista critica censura por prazo ‘indeterminado’ ao ‘Estado’


‘O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Romário Schettino, demonstra perplexidade com a censura ao Estado determinada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), que se estende, de forma ininterrupta, desde 31 de julho. A situação, em sua visão, reflete uma novidade negativa na atuação do Judiciário e demonstra que os problemas causados pela falta de regulação podem ser mais graves do que se supunha. ‘Já vi várias vezes o Judiciário impedir a veiculação de um determinado assunto por prazo definido, mas com prazo indeterminado, como o caso do Estadão, é a primeira vez que observo’, disse.


Além da demora na queda da mordaça, chama a atenção do jornalista, que tem passagens pelo Correio Brasiliense e Jornal de Brasília, o próprio objeto contestado pela parte contrária ao jornal, o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). ‘A censura não faz sentido. Se uma pessoa se sentir prejudicada pelo noticiário, deve entrar com ação indenizatória, depois da publicação, para pedir reparação’, afirmou. Investigado na Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, Fernando, que cuida dos negócios da família, foi indiciado por vários crimes.


‘VÁCUO’


Há, entretanto, na visão do sindicalista, um problema ainda mais complicado que o País precisa resolver, sob pena de a censura aparecer em outros momentos no cenário jurídico – a falta de regulação para os chamados crimes de imprensa, que faz com que as decisões na área fiquem nas mãos de juízes de primeira instância.


‘Isso foi causado pela extinção da Lei de Imprensa que, bem ou mal, garantia alguma forma de regulação. O cenário atual é ruim para os jornais, os jornalistas e as fontes de informação’, disse.


A Lei 5.250/67, mais conhecida como Lei de Imprensa, foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por ter sido editada durante a ditadura militar e não se enquadrar à Constituição de 1988.


O maior problema da falta de regulação, na opinião de Schettino, é que fica somente ao arbítrio dos juízes definir o que pode ou não ser considerado abuso de liberdade de imprensa. ‘A relação entre os veículos de comunicação e os cidadãos em geral se baliza em regras específicas, que não estão contempladas em nenhum lugar, o que gera um vácuo jurídico, que não contribui para esclarecer as coisas’, defendeu.


NOVA LEI


Para o jornalista, a sociedade precisa exigir que o Congresso legisle o mais rápido possível sobre o assunto. ‘Há uma ausência de regulação, que é prejudicial a todas as partes envolvidas. Diante de situações como estas que atingem o Estado, entre outros jornais, não há muito o que fazer, embora o Supremo tenha definido que os veículos podem recorrer à própria corte para sanar problemas’, comentou. ‘Precisamos evitar que os juízes de primeira instância se arvorem no direito de dizer o que a imprensa pode ou não publicar.’


O caso do Estado será julgado na próxima quarta-feira pelo plenário do STF. Os advogados do jornal pedem a derrubada da liminar que permitiu a censura, lembrando que a decisão do TJ-DF contraria as posições recentes da própria corte suprema, favoráveis à liberdade de expressão e de opinião.’


 


 


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Marili Ribeiro


Caboré encerra ano turbulento para o setor


‘O prêmio Caboré, considerado referência no meio publicitário brasileiro, será entregue hoje, fechando um ano em que o setor, pelo menos no que diz respeito à movimentação financeira, viveu uma certa estagnação. Os números referentes à movimentação publicitária conhecidos até o momento mostram exatamente isso: até setembro, os valores acumulados dos investimentos em mídia praticamente empatavam com o mesmo período do ano anterior, cerca de R$ 15,3 bilhões, pelos dados do Projeto Inter-Meios ? uma pequena expansão de 0,4% no período.


‘Se houver crescimento este ano, ele se dará por conta dos resultados deste último trimestre’, avalia José Carlos Salles Neto, presidente do Grupo Meio & Mensagem. O balanço fica pronto em fevereiro do próximo ano.


Como o próprio Salles Neto reconhece, a possível expansão se dará sobre uma base de comparação baixa, já que no último trimestre do ano passado, em função da crise, o mercado travou. Assim, o máximo que ele divisa para este ano será um crescimento de 3% ante o ano passado, puxado pelos últimos três meses. A retomada vem sendo puxada pelo mercado imobiliário e o varejo para as classes de renda mais baixa.


O prêmio Caboré, capitaneado pelo Meio & Mensagem, completa 30 anos este ano, e vai entregar 13 estatuetas na noite de hoje, data em que se comemora o Dia da Publicidade. No total, são 39 concorrentes, entre agências de publicidade, produtores de comerciais, dirigentes de empresas de comunicação e anunciantes.’


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Festa no concorrente


‘A final de Ídolos, programa musical comandado por Rodrigo Faro na Record, está causando um imbróglio entre dois grandes bancos. A atração, que tem como patrocinador oficial o Banco do Brasil, terá seu encerramento em um grande show no dia 16, no Teatro Bradesco, no shopping Bourbon, em São Paulo. Opa, Teatro Bradesco? Pois é esse o problema.


O Banco do Brasil não teria gostado de saber que a festa de encerramento será na casa de um concorrente. A Record chegou a pensar em tapar os logotipos do Bradesco espalhados pelo teatro, o que não foi autorizado pela direção do local.


A solução encontrada até agora pela emissora é mudar o nome original do teatro. Para a Record, a final do Ídolos será realiza no Teatro do Shopping Bourbon, e ponto. Na gravação, as câmeras da rede evitarão filmar a marca do banco concorrente.


Procurada, a Record informa que não haverá citação nem imagem de nenhum outro banco na atração que não o patrocinador. O Banco do Brasil, via assessoria, diz que não foi informado pela Record que o evento seria realizado no Teatro Bradesco. O patrocinador acreditava que seria no Anhembi.’


 


 


 


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