Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Israel censura imprensa em nome da segurança

Na guerra entre Israel e o Hezbollah, perde a imprensa. Por questões de segurança, o exército israelense conta com censores para controlar o que é noticiado para o mundo. Israel acredita que, como um país pequeno em estado quase constante de conflito, é vital para sua segurança garantir que nem toda informação seja divulgada. Críticos condenam a atitude, classificando-a de uma lacuna que não se encaixa nos preceitos democráticos.


Há regras que devem ser aceitas pelas empresas jornalísticas que reportam da região, sob a condição de reconhecimento oficial para operar como organização de mídia em Israel. Espera-se que os jornalistas pratiquem a autocensura. Em caso de dúvida sobre assuntos específicos, eles podem enviar o artigo para o censor, que provavelmente o devolverá com cortes.


As regras sobre a cobertura determinam que é proibido notícias em tempo real com a localização exata de lugares atingidos por mísseis; proibido reportar sobre mísseis que acertam – ou erram – alvos estratégicos; e também proibido divulgar informações sobre quando os cidadãos podem deixar seus abrigos para buscar suprimentos. Jornalistas também não podem dar detalhes sobre militares israelenses de alta patente que viajam para o norte – onde caem os mísseis do Hezbollah – até que eles tenham deixado a área. Também não é possível divulgar o nome de locais onde não há abrigos o bastante ou onde a defesa pública é fraca.


Era da comunicação instantânea


Até agora, apenas um dos cerca de 100 mísseis lançados pelo Hezbollah matou israelenses. O resto costuma explodir em campos vazios, ruas abandonadas ou no Mediterrâneo. Como grande parte das armas do grupo é de baixo alcance e sem precisão, não representa tanto perigo para cidadãos israelenses. Por razões óbvias, Israel quer que a situação continue esta.


Os censores reclamam, entretanto, que a instantaneidade dos relatórios fornecidos pela mídia pode mudar a realidade. Se um repórter noticia imediatamente que um míssil caiu no mar, qualquer guerrilheiro com acesso à internet saberá que deve mudar a direção doi próximo disparo; se uma reportagem afirma que uma refinaria de petróleo em Haifa explodiu, o Hezbollah irá comemorar e atacar novamente; se é divulgado que um oficial de alta patente seguiu para o norte, virará alvo fácil do inimigo.


O problema para esta tentativa de controle é que – e nisso até os censores israelenses concordam –, na era em que telefones celulares têm câmeras acopladas e as armas dos inimigos incluem laptops e equipamentos de vídeo, fica impossível bloquear completamente a divulgação de notícias.


Restrições ao trabalho da mídia em situações de conflito não são exclusividade de Israel. Os jornalistas embedded, que acompanham tropas americanas no Iraque, assinam um documento em que se comprometem a não reportar dados específicos sobre a movimentação dos soldados e ataques em tempo real. As razões alegadas pelo Exército dos EUA são as mesmas de Israel. Informações de Benjamin Harvey [AP, 19/7/06].