Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornais remanejam equipes para cobrir conflito

A guerra do Iraque e os cortes no orçamento levaram muitos jornais americanos a limitarem sua cobertura no exterior. Com o atual conflito entre Líbano e Israel, surgiram novas necessidades de deslocamento de equipes, como noticia Joe Strupp, da Editor & Publisher [17/7/06]. Embora a maior parte dos editores internacionais afirme que é possível manter suas equipes intactas no Iraque enquanto o conflito se desenrola, muitos admitem que têm de deslocar repórteres e fotógrafos de outros países para cobrir adequadamente os ataques na região. ‘O conflito no Líbano e Israel está tomando uma grande porcentagem de nossa atenção’, opina Ethan Bronner, subeditor da seção internacional do New York Times.


Transferências


O NYTimes, que durante os últimos 18 meses conta com pelo menos quatro funcionários na sucursal de Bagdá, tem conseguido manter este número durante o recente conflito entre Líbano e Israel. Bronner afirma, no entanto, que repórteres de Nova York a Paris tiveram de ser deslocados para o Oriente Médio. Desde que os ataques aumentaram no Líbano, o repórter de Dubai foi enviado para Beirute, e o do Cairo – que estava de férias nos EUA – voltou para a região. Além deles, o ex-correspondente do Egito Neil MacFarquhar, que hoje trabalha em São Francisco, será deslocado para Damasco. O libanês Jad Mouawad, repórter de economia que trabalha em Nova York, foi para Beirute. Craig Smith, que fica em Paris, está em Gaza.’Estamos reconfigurando a nossa equipe’, afirma ele. Nos últimos meses, o NYTimes já tinha dois funcionários em Jerusalém, um no Cairo e um em Dubai. ‘O Iraque ainda é uma grande história, mas está tudo interligado. Agora, o Líbano é a grande história’, diz Bronner.


A McClatchy Newspapers, que assumiu o controle das sucursais no exterior dos jornais da ex-Knight Ridder quando comprou a empresa, manteve sua equipe no Iraque. O editor da seção internacional, Mark Seibel, afirmou que teve de fazer mudanças na equipe para cobrir a situação no Líbano. O repórter de Nairóbi, por exemplo, foi remanejado para Amã, o de Berlin para Israel, e o do Cairo para Beirute. ‘Mudamos todos que não estavam em Bagdá para a região do Líbano. Se a situação se prolongar mais, teremos que fazer outros deslocamentos’, avisa.


No Washington Post, o editor de internacional, Dave Hoffman, disse que o jornal manteve a cobertura com seus escritórios já existentes em Beirute e Jerusalém, cada um com um funcionário. Segundo ele, a cobertura do Iraque não diminuiu. ‘A situação no Líbano é importante, matéria de capa. Mas Bagdá ainda é um assunto grande. Vamos cobrir os dois conflitos’, explica.


No New York Daily News, quase toda a cobertura no Líbano e Israel tem sido feita por correspondentes – cinco no total –, de acordo com o editor da seção nacional, Mark Moody. O diário fechou alguns escritórios no exterior no ano passado – alguns na China, África e América Latina. Havia planos de fechar a sucursal de Beirute no ano que vem, observa Roy Gutman, editor da seção internacional.


No Boston Globe, James Smith, responsável pela cobertura internacional, afirmou que o jornal desviou sua atenção em tempo integral a Bagdá quando transferiu, há algum tempo, seus dois repórteres, Thanassis Cambanis e Anne Barnard, para Jerusalém. Com os recentes ataques, os jornalistas – que são casados – estão inteiramente dedicados ao conflito. ‘Você pode chamar isto de previsão brilhante ou sorte’, brinca Smith.