Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornais reagem a proibição de imagens ‘violentas’

A imprensa venezuelana condenou a proibição da publicação de imagens violentas instituída no início da semana por um tribunal especial de proteção a crianças e adolescentes. A ordem veta a publicação nos jornais de imagens ‘violentas, sangrentas ou grotescas’ com o objetivo de proteger os jovens. O período da proibição coincide com o mês de campanha antes das eleições legislativas de setembro.


Diversos jornais do país criticaram a medida, e grupos em defesa da liberdade de imprensa a classificaram de censura. Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, a ordem é muito vaga. Representantes da ONU e da Organização dos Estados Americanos divulgaram uma nota em conjunto pedindo que a proibição seja anulada, pois institui a censura prévia e viola o princípio de liberdade de expressão.


A ordem foi aprovada depois que o diário venezuelano El Nacional publicou, na semana passada, fotografias explícitas de cadáveres em um necrotério. O objetivo do jornal era chamar a atenção para o aumento de assassinatos nas ruas de Caracas.


Debate público 


O presidente Hugo Chávez, cujo governo não divulga há anos dados relacionados a crimes, declarou que ‘seus críticos’ estariam usando imagens ‘pornográficas’ como a do necrotério para deturpar o debate público sobre o problema da violência para desestabilizar sua autoridade.


Na quarta-feira [18/8], o El Nacional deixou grandes espaços em branco em suas páginas com a palavra censura ‘impressa’ no lugar das fotos. A violência nas ruas é uma das principais questões na campanha para as eleições, marcadas para 26 de setembro. Números não oficiais de uma ONG que monitora a violência no país dão conta de que ocorreram mais de 16 mil assassinatos no último ano. Em Caracas, que é hoje considerada uma das cidades mais perigosas da América do Sul, foram 140 homicídios por 100 mil habitantes – para se ter uma ideia, em Bogotá este número é de 18 por 100 mil. Com informações da AFP.


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