Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalista condenado no Egito processa a Al Jazeera

Jornalistas Al Jazeera

Mohamed, Fahmy e Greste no tribunal (Foto: Heba Elkholy/AP)

O jornalista egípcio-canadense Mohamed Fahmy, que passou mais de um ano preso no Egito sob acusação de disseminar notícias falsas e conspirar contra o governo, abriu um processo contra a rede de TV Al Jazeera, sua empregadora. Fahmy acusa a emissora de “negligência épica” por não tê-lo avisado sobre seu status legal no Egito e por exibir reportagens produzidas por ele em um canal egípcio de notícias, o Mubasher Misr, que tinha sido banido do país por apoiar a facção político religiosa Irmandade Muçulmana. O jornalista também alega que a Al Jazeera colocou em risco a sua segurança e a de seus colegas.

“Eles não parecem conseguir entender que não podem continuar a desafiar a soberania de governos e colocar as pautas à frente da segurança dos seus funcionários e achar que vão continuar a se safar”, declarou, em uma coletiva de imprensa, o ex-chefe da sucursal da Al Jazeera English no Cairo.

De acordo com sua advogada, Joanna Gialason, o jornalista está pedindo uma indenização de 100 milhões de dólares (cerca de 300 milhões de reais) devido aos danos causados pelo canal. Fahmy foi preso no fim de 2013, junto com os jornalistas Peter Greste e Baher Mohamed, por, segundo o governo egípcio, fazer parte de um grupo terrorista e levar ao ar reportagens falsas que colocavam em risco a segurança nacional. O grupo foi condenado em junho de 2014 a penas que variavam de sete a 10 anos. Em fevereiro de 2015, uma corte de apelações anulou a sentença e ordenou que um novo julgamento fosse realizado. Fahmy e Mohammed foram soltos sob fiança. Greste já tinha sido deportado para a Austrália, seu país natal. A promotoria começará os argumentos finais do caso em junho próximo.

Acusações

Segundo Fahmy, a rede de TV do Catar utilizava seu canal egípcio e suas afiliadas para divulgar e apoiar a Irmandade Muçulmana, facção proibida no país após a derrubada do presidente Mohammed Morsi pelos militares em 2013. A Al-Jazeera negou as acusações e lamentou as declarações do jornalista. “É triste ver Fahmy e seus advogados repetirem as mesmas críticas feitas à Al-Jazeera pelas autoridades egípcias”, declarou a rede. “É isso que seus captores querem escutar no atual estágio do novo julgamento. Todos os governos têm veículos de notícias de que não gostam, mas não utilizam de falsas acusações para colocar jornalistas na cadeia. Se Fahmy realmente quer compensação financeira de alguém, deveria ser de seus carcereiros.”

O jornalista também acusa a Al-Jazeera de não pagar por suas despesas jurídicas depois que ele optou por um advogado diferente do contratado pelo canal, o que foi negado pelos representantes da rede.