Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalista enfrenta processo por vazamento militar

 

Um jornalista israelense irá a julgamento por ter obtido acesso a documentos militares secretos vazados por uma ex-soldado – já condenada pelo vazamento. O procurador-geral de Israel, Yehuda Weinstein, anunciou na quarta-feira [30/5] que o repórter investigativo Uri Blau, que trabalha para o jornal Haaretz, será indiciado por posse não autorizada de informação confidencial.

A ex-soldado Anat Kamm passou ao jornalista milhares de documentos secretos – ela copiou o conteúdo sigiloso durante o serviço militar compulsório. Em fevereiro, Anat, de 22 anos, foi condenada a quatro anos e meio de prisão por coletar e repassar informação confidencial.

A ex-soldado copiou os dois mil documentos, incluindo 700 identificados como “confidenciais”, enquanto trabalhava no escritório de um general israelense. Entre eles estão papéis mostrando que soldados e agentes de segurança autorizaram o assassinato de militantes palestinos em operações em que poderiam ser apenas presos.

Blau publicou uma matéria com base em alguns dos documentos em novembro de 2008, e Anat foi presa mais de um ano após a publicação. Na ocasião, o jornalista decidiu ficar em Londres, onde estava, com medo de ser processado caso voltasse a Israel. Ele voltou apenas em outubro de 2010, depois que seus advogados fizeram um acordo com o serviço de segurança interna israelense, em que Blau se comprometia a entregar os documentos que possuía.

Dois meses atrás, no entanto, o Estado revogou o acordo, alegando que o jornalista não entregou todos os papéis. O Haaretz afirmou que a decisão do procurador-geral foi infeliz, além de prejudicar a liberdade de imprensa em Israel e principalmente a cobertura jornalística do aparato de segurança israelense. Informações de Harriet Sherwood [Guardian.co.uk, 30/5/12]