Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalistas e terroristas: combinação perigosa

Causou revolta entre alguns jornalistas filipinos o projeto de lei proposto pelo exército para punir membros da imprensa que entrevistarem ou derem espaço de publicação ou transmissão para terroristas. Representantes militares sugeriram aos legisladores do país a inclusão da lei, que tornaria ilegal o contato profissional entre jornalistas e terroristas. A polícia e o governo da presidente Gloria Macapagal Arroyo apoiaram a idéia, dizendo que ela poderá ser útil na campanha contra o terror. Para a imprensa local, entretanto, a iniciativa não passa de tentativa de censura, segundo reporta Carlos H. Conde [The International Herald Tribune, 8/3/05]. A lei, preocupam-se os jornalistas, poderia ser usada também para reprimir dissidentes políticos.

O general Edilberto Adan, vice-chefe das forças armadas filipinas, afirmou em uma coletiva de imprensa que a proposta do exército é de que sejam penalizados jornalistas que ‘tolerem ou permitam que terroristas conhecidos ou organizações terroristas usem seus aparatos para transmitir sentimentos anti-Estado e para incitar as pessoas a se rebelarem contra o governo’. Adan não definiu o que seriam as penalidades contra os jornalistas, mas ressaltou que entrevistar terroristas seria uma ofensa ao governo.

Rebeldes e terroristas costumam ter acesso fácil à imprensa, e muitas vezes conseguiram levar ao ar informações constrangedoras para o governo. Em fevereiro, quando três bombas explodiram em três cidades diferentes no período de uma hora, um porta-voz do grupo terrorista Abu Sayyaf ligou para uma estação de rádio após a primeira explosão e anunciou que ainda restavam duas. Anteriormente, o governo havia declarado que teria desmantelado o grupo.