Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Jornalistas julgados por publicar relatório sobre Iraque

Três jornalistas do Berlingske Tidende, um dos maiores jornais da Dinamarca, foram a julgamento na segunda-feira (13/11) por publicar relatórios confidenciais da inteligência sobre o suposto programa de armas de Saddam Hussein. Um ex-funcionário do departamento de inteligência do governo dinamarquês já havia recebido sentença de prisão por vazar os documentos.

Segundo nota da AP [13/11/06], o caso é visto como um importante teste para a liberdade de imprensa no país. O editor-chefe Niels Lunde e os repórteres Michael Bjerre e Jesper Larsen respondem legalmente pela acusação de publicação de documentos confidenciais do governo. Se condenados, eles podem receber multas ou ficar até dois anos na prisão.

Interesse público

Entre fevereiro e março de 2004, Bjerre e Larsen escreveram uma série de artigos com base nos relatórios vazados pelo serviço de inteligência. Os documentos afirmavam que não havia provas de que o Iraque possuía armas de destruição em massa durante o governo de Saddam Hussein. A acusação de que o ditador iraquiano mantinha tais armas foi a principal justificativa dos EUA para entrar em guerra contra o país.

Promotores afirmam que o jornal violou uma lei dinamarquesa que proíbe veículos de comunicação de divulgar informações confidenciais que possam pôr em risco a segurança nacional. Já a defesa rebate que os jornalistas não fizeram nada de errado porque ‘havia um grande interesse público’ na informação que publicaram. ‘Uma condenação seria uma intrusão na liberdade de imprensa’, afirmou o advogado dos profissionais.

Entre as testemunhas de defesa do caso estão dois ex-ministros das Relações Exteriores, Mogens Lykketoft e Niels Helveg Petersen, e Aidan White, que lidera a Federação Internacional dos Jornalistas, maior organização do mundo dedicada a profissionais de imprensa. Espera-se o veredicto para 27/11.

O ex-funcionário da inteligência Frank Grevil foi condenado no ano passado por ter vazado o relatório aos repórteres, e sentenciado a quatro meses de prisão. Durante seu julgamento, ele alegou que agiu em nome do interesse público.