Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Jornalistas criticam novas regras da rede social

 

A ideia de que o Twitter seria uma fonte de notícias de credibilidade e uma plataforma para jornalismo colaborativo, em especial em tragédias ou movimentos revolucionários, pode estar com os dias contados, comenta Zach Dyer no blog do Knight Center for Journalism in the Americas [27/8/12].

Recentemente, foram anunciadas mudanças na interface de programação do aplicativo (API) que impedem que jornalistas agreguem vários tuítes, combinando-os com conteúdo fora do Twitter. Além disso, a fim de proporcionar uma “experiência consistente”, todos os aplicativos que estejam relacionados com o Twitter devem ser certificados pela empresa antes de serem lançados. O aplicativo que não seguir as regras novas não terá acesso ao conteúdo do Twitter. “As restrições de misturar tuítes com outro material pode prejudicar veículos de mídia”, escreveu Alfred Hermida no blog Reportr.net. “A prática de postar informação em tempo real, reunindo material de repórteres, agências de notícias e mídias sociais, tornou-se comum em sites”. Muitos jornalistas usam ferramentas como Storify para reunir conteúdo e, segundo Hermida, normas mais rígidas sobre o uso de tuítes vão contra a tendência de formas mais abertas de jornalismo, inclusivas e em rede.

Na opinião de Matt Buchana, do BuzzFeed, as novas regras, entretanto, não significam o fim de agregadores como Storify, Topsy e HootSuite. Para ele, há uma diferença entre sites “meta-Twitter” como Storify, TweetDeck (já comprado pelo Twitter) e Topsy (que supostamente n’ao sofrerá nenhum impacto), e aqueles que usam conteúdo do Twitter para ser agregado ao próprio conteúdo de mídia, como Flipboard e Tumblr.

Histórico de censura

A atitude em relação a um maior controle sobre a aparência e o conteúdo dos tuítes reflete o desenvolvimento da rede social como um negócio, mas também aumenta as preocupações sobre censura. Jeff Sonderman elaborou no Poynter um histórico de censura do Twitter, observando que a empresa disse, em janeiro de 2010, que começaria a censurar alguns tuítes em determinados países.

Em julho deste ano, o Twitter suspendeu por alguns dias a conta do jornalista Guy Adams depois que ele tuitou comentários negativos sobre a cobertura da rede de TV americana NBC nos Jogos Olímpicos e divulgou o endereço de email de um executivo da rede. Episódios como este reforçam o conflito entre o ideal do Twitter como uma extensão natural de objetivos democráticos do jornalismo e a realidade empresarial focada em lucro. O blogueiro Dave Winer resumiu que o Twitter, embora tenha obtido fama como plataforma de jornalismo colaborativo, não é uma “utilidade pública”. “É um serviço operado gratuitamente por uma empresa particular e o que você escreve está sujeito a seus caprichos”, disparou.

Veja as mudanças na íntegra, em inglês, no blog da rede social.