Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Jornalistas libertados obrigados a gravar vídeo pró-Islã

Foram libertados no domingo (27/8) os dois jornalistas da Fox News seqüestrados em Gaza há duas semanas. O repórter americano Steve Centanni, de 60 anos, e o cinegrafista neozelandês Olaf Wiig, de 36, passaram 13 dias em uma garagem abandonada na Faixa de Gaza como reféns de um grupo auto-intitulado Brigadas da Guerra Santa. Antes de serem soltos, os dois jornalistas foram obrigados a gravar um vídeo dizendo que haviam se convertido ao Islã e adotado nomes muçulmanos. O vídeo de seis minutos de duração, que mostrava os homens com trajes árabes lendo trechos do Corão e mensagens contra George W. Bush e Tony Blair, foi divulgado na manhã de domingo pelos captores, horas antes da Centanni e Wiig serem deixados em frente a um hotel em Gaza.

‘Eu estou realmente bem, saudável e feliz de estar livre’, afirmou Centanni à Fox News. ‘Eu tenho muito respeito pelo Islã’, disse ele sobre a gravação. ‘Mas aquilo foi algo que sentimos que tínhamos que fazer porque [os seqüestradores] estavam armados e nós não sabíamos o que estava acontecendo’. O repórter contou que ele e seu colega estavam algemados, vendados e foram ameaçados por armas apontadas para suas cabeças.

Em uma curta coletiva de imprensa, Wiig disse esperar que o seqüestro não impeça que jornalistas estrangeiros cubram Gaza. ‘Isso seria uma grande tragédia para o povo da Palestina e especialmente para o povo de Gaza’, afirmou. A jornalista Anita McNaught, esposa do cinegrafista, agradeceu às autoridades Palestinas e à Fox News pelos esforços pela libertação dos dois profissionais.

Mistérios e especulações

Os jornalistas encontraram-se também com o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniya, do Hamas, que havia pedido por sua soltura. Haniya refutou especulações de que haja algum grupo associado à al-Qaeda agindo em Gaza. A identidade dos seqüestradores, entretanto, continua um mistério, já que o grupo não era conhecido antes da captura de Centanni e Wiig. Em Gaza, há ainda a especulação de que o grupo seja formado por membros insatisfeitos de diversas facções militantes tentando envergonhar Haniya e o presidente palestino, Mahmoud Abbas.

Não houve nenhuma prisão logo após a libertação dos jornalistas e não há indicação de que algum resgate tenha sido pago. O vídeo foi divulgado 12 horas depois do fim do prazo de três dias para que os EUA soltassem todos os muçulmanos presos no país, ordem dada pelos seqüestradores em um vídeo anterior e rejeitada pelo governo Bush, que alegou que não negociaria com terroristas. Informações de Steven Erlanger [The New York Times, 27/8/06] e Ian MacKinnon [The Times, 28/8/06].