Tuesday, 19 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1279

Juiz ordena divulgação de fontes de colunista

O juiz americano Liam O´Grady ordenou que o New York Times revele a identidade de três fontes confidenciais do colunista Nicholas Kristof em artigos sobre a investigação dos ataques de cartas com antraz, em 2001. A porta-voz do Times, Catherine Mathis, afirmou que o diário irá apelar da decisão.


O jornal é acusado de difamação pelo cientista Steve J. Hatfill, especialista em armas biológicas, por uma série de colunas de Kristof que sugeriam que ele seria responsável pelos ataques – que deixaram cinco mortos nos EUA. Ainda que autoridades federais tivessem identificado Hatfill como ‘pessoa de interesse’ na investigação, ele nunca foi acusado formalmente pelos crimes.


A primeira coluna de Kristof sobre o tema falava sobre um cientista do governo chamado de ‘Senhor Z.’. O artigo afirmava que ele havia se tornado foco principal das investigações. Em novo texto, em agosto de 2002, o colunista escreveu que Hatfill reconheceu que era o ‘Senhor Z.’ em uma coletiva na qual afirmou que havia sido destratado pela imprensa.


Confidencial, mas nem tanto


Em depoimento prestado em julho, Kristof se recusou a dizer os nomes de cinco de suas fontes nos textos em questão. Duas delas, posteriormente, concordaram em liberá-lo do compromisso de confidencialidade. As três que faltam foram identificadas como dois agentes do FBI e um ex-colega de trabalho de Hatfill.


‘O tribunal entende a necessidade de um jornalista de poder prometer confidencialidade a suas fontes. Fontes confidenciais têm sido uma importante parte do jornalismo, e presume-se que seja por isso que o estado da Virgínia reconhece este privilégio dos repórteres’, afirmou o juiz. Ele explicou, entretanto, que a lei da Virgínia requer um teste para determinar, em cada caso, se há a necessidade da informação, se a informação é relevante e se ela pode ser obtida de outras maneiras.


Neste caso específico, afirmou o juiz, para que o cientista tenha a chance de tentar provar que foi difamado pelo jornal, ele ‘precisa ter a oportunidade de questionar as fontes confidenciais e determinar se Kristof reportou precisamente as informações fornecidas por elas’. Informações de Neil A. Lewis [The New York Times, 24/10/06].