Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Julgamento de neonazista adiado para novo credenciamento da imprensa

 

A apenas dois dias do início do julgamento da neonazista Beate Zschäpe, na Alemanha, uma corte determinou seu adiamento em três semanas para permitir um novo credenciamento da imprensa. No mês passado, ficou claro que nenhum jornalista turco estava entre os 50 repórteres – de mais de 100 que pediram credenciamento – com acesso ao tribunal. Diante disso, a mídia e políticos da Alemanha e da Turquia fizeram diversos pedidos para a inclusão destes profissionais. Não foi informado como o novo credenciamento será conduzido.

A revelação da existência da célula neonazista Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU, em alemão), no fim de 2011, chocou o país e levantou questões sobre como as autoridades de segurança não conseguiram impedir, durante quase uma década, que o grupo matasse minorias. Os três integrantes assassinaram 10 pessoas: oito homens de ascendência turca, um grego e um policial alemão. Beate é a única sobrevivente do trio; os outros dois cometeram suicídio.

Email com atraso

No dia 12/5, a alta corte da Alemanha determinou a favor do jornalista turco Ismail Erel, editor do jornal Sabah, que abriu uma petição para ter acesso à corte, citando o que ele chamou de “distribuição injusta de credenciais”. Erel argumentou que o email com informações sobre o credenciamento chegou a ele 19 minutos depois de ter sido enviado a jornais alemães, o suficiente para atrapalhar suas chances de garantir um local no tribunal.

A notícia do adiamento não foi bem recebida por parentes das vítimas, que expressaram frustração. Muitos deles já tinham inclusive pedido licença do trabalho ou comprado passagens para assistir ao julgamento, como informou Barbara John, nomeada pelo governo alemão para representar os interesses das vítimas. Jens Rabe, advogado de Kerim e Semiya Simsek, cujo pai foi a primeira vítima do grupo, em 2000, chamou a decisão tomada no último minuto de “mais do que irritante”. “O atraso do início do julgamento é o resultado da posição inflexível da corte para aceitar críticas ou sugestões construtivas para soluções”, declarou o advogado.