Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Líderes islâmicos acusados de reprimir trabalho da imprensa

 

Algumas atitudes recentes por parte do governo egípcio contra jornalistas têm sido objeto de críticas da imprensa e de acusações de que o novo presidente islâmico, Mohamed Morsi, estaria tolerando – e até empregando – as mesmas táticas truculentas usadas pelo ex-presidente Hosni Mubarak para reprimir dissidentes.

No início do mês, as autoridades suspenderam um programa de um canal de televisão por satélite apresentado por Tawfik Okasha, veemente opositor do atual presidente, ex-líder da Irmandade Muçulmana. No sábado (18/8), as autoridades confiscaram exemplares do jornal Al Dustour, que vem publicando críticas ao grupo islâmico. Em outros casos, editores são acusados de suprimir críticas aos novos governantes egípcios. Na quarta-feira (22/8), pela segunda vez em uma semana, o editor de um jornal estatal foi acusado de censurar jornalistas que escrevessem colunas contrárias à Irmandade Muçulmana.

“O que está acontecendo é muito sério”, afirmou Hani Shukrallah, editor do Ahram Online, um site de língua inglesa. “Temos uma organização que não está interessada em democratizar a imprensa, ou torná-la livre”, disse, referindo-se à Irmandade Muçulmana. “Está interessada em usurpá-la”.

No sábado (18/8), o jornal Al Dustour publicou um editorial de palavras duras, que ocupava toda a primeira página, dizendo que a Irmandade Muçulmana estava tentando estabelecer um “emirado” no Egito e pedindo a ação do Exército para proteger os egípcios de “massacres e chacinas”. Abdel Moneim Abdel Maqsoud, advogado da organização, respondeu com indignação. “Esse maluco, Tawfik Okasha, e o Al Dustour – isso é jornalismo?”, perguntou em uma entrevista. “Isso é liberdade de imprensa? Desde quando a mídia parou de insultar a Irmandade Muçulmana?”

Em alguns casos, o próprio Mohamed Morsi reagiu às organizações de mídia. No mês passado, Yasser Ali, seu porta-voz, afirmou que o presidente estava processando dois veículos, não revelados por ele, por difamação. Segundo Abdel Maqsoud, a Irmandade também deu entrada em ações, inclusive contra o Al Dustour. Informações de Kareem Fahim e Mayy El Sheikh [The New York Times, 16/8/2012].