Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Lucky desponta e ganha concorrência

A revista de consumo americana Lucky, cujas páginas apresentam inúmeros produtos aos leitores, em meio a pouquíssimos artigos, terá tiragem de um milhão de exemplares a partir de janeiro – 50 mil a mais que atualmente, e o dobro da circulação de quando foi lançada em dezembro de 2000. O crescimento meteórico das vendas faz da publicação, que pertence à editora Condé Nast, o maior fenômeno atual da indústria editorial americana, ainda não recuperada da aguda crise de falta de publicidade em que mergulhou há alguns anos.

O êxito de Lucky – que em setembro sairá com 400 páginas, 258 delas de publicidade – inspira outras tentativas de enveredar pelo mesmo caminho das publicações de baixo custo de produção e muito apelo comercial. Este mês estará nas bancas Shop Etc., da Hearst Magazines, com tiragem inicial de 400 mil exemplares. A primeira edição deixa bem claro qual é o intuito da revista: a cabeça da modelo da capa não aparece e as chamadas indicam onde encontrar, no interior da publicação, o vestido ou a bolsa que ela usa. A própria Condé recentemente lançou Cargo, publicação voltada aos homens adeptos ao banho de loja. No começo de 2005, a editora deve publicar um novo título apenas sobre utilidades domésticas. A Fairchild Publications, que, assim como a Condé, pertence ao grupo Advance Publications, colocará no mercado, no fim deste mês, o título de consumo masculino Vitals.

Publicações especializadas em apresentar produtos que os leitores realmente podem comprar – e não carros de US$ 200 mil – são algo tradicional no Japão. Nos EUA, essa vertente foi inaugurada por InStyle e está obrigando títulos tradicionais a incorporarem algumas de suas características. Enquanto os críticos se perguntam onde vai parar o conteúdo editorial, entusiastas defendem que esse é o verdadeiro espírito das revistas.

Afinal, para que colocar um artigo de oito páginas sobre um assunto qualquer entre os anúncios de roupas – que é o que o leitor quer ver – se é possível trocá-lo por fotos dos últimos modelos de bolsas lançados no mercado? As informações são da Reuters e do New York Times [2/8/04].