Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Mais um caso de plágio no jornalão

Zachery Kouwe, repórter de economia do New York Times por pouco mais de um ano, pediu demissão no mês passado após ter sido acusado de plagiar o Wall Street Journal em quatro artigos. Uma análise de seu trabalho revelou que mais textos continham trechos de outras fontes de notícias. Plágio é um pecado jornalístico mortal e a partida de Kouwe foi inevitável a partir do momento em que Robert Thomson, chefe de redação do WSJ, enviou a Bill Keller, editor-executivo do NYTimes, seis exemplos de trechos idênticos de um artigo do WSJ sobre a fraude de Bernard Madoff. Depois de uma semana de checagem de dados, o jornal publicou uma nota alegando que Kouwe aparentemente havia se apropriado de ‘passagens publicadas por outras organizações de notícias’. O diário admitiu a cópia, sem crédito, de trechos do WSJ, mencionou que houve plágio também da Reuters e disse que uma investigação estava em andamento. A nota ainda informou que não há sinais de informações falsas nos textos de Kouwe.

Embora o repórter tenha deixado o jornal no dia seguinte, algumas perguntas permanecem sem resposta, escreveu o ombudsman Clark Hoyt em sua coluna de domingo [7/3/10]: como este sério caso de plágio aconteceu por tanto tempo sem ser notado? Os sinais de plágio foram ignorados? Agora que a investigação está completa, será publicado um relatório sobre o caso com explicações aos leitores?

Copia e cola

No dia em que se demitiu, Kouwe contou a John Koblin, do New York Observer, que não podia explicar o que aconteceu. ‘Como fui idiota. O que estava pensando?’, desabafou. Ele contou que colava informações de agências de notícias em um arquivo, verificava os dados e então colocava a notícia em suas próprias palavras. ‘Estava preocupado em divulgar a informação rapidamente’.

A explicação foi semelhante à oferecida anteriormente por Gerald Posner, repórter do Daily Beast acusado de copiar frases do Miami Herald. Posner, que também se demitiu, disse não ter feito nada de modo intencional. Ele contou que colocava tudo – sua pesquisa, entrevistas, documentos, artigos – em um único arquivo para editar sua matéria.

O ombudsman conversou com diversas pessoas no jornal e todas concordaram que a prática de Kouwe e Posner eram inaceitáveis. ‘Se você estiver escrevendo sua matéria, não se deve fazer o download de outros materiais’, opinou Jack Lynch, editor do blog do NYTimes DealBook, no qual também trabalhava Kouwe. ‘Isto é procurar por problemas’. Philip Corbett, editor de padrões do diário, contou que a maior parte do que Kouwe copiou foi de dados ‘banais’, o que explica ninguém ter notado antes.