Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Michael Grade é o novo presidente

Após meses de suspense, finalmente a BBC escolheu seu novo presidente. Trata-se de Michael Grade, executivo da Maverick TV. Aos 61 anos, Grade é conhecido por sua ênfase nos índices de audiência quando dirigia a emissora pública Channel 4. O anúncio foi feito no dia 2/4/04.

‘Michael é o homem certo no momento certo’, disse a secretária da Cultura britânica Tessa Jowell. ‘Ele tem a energia necessária para chefiar a BBC de frente, defendendo sua independência e integridade de todos os lados’.

De acordo com Adam Pasick [Reuters, 2/4/04], Grade ganhou de candidatos como a baronesa Barbara Young, executiva-chefe da Environment Agency, e os apresentadores da BBC David Dimbleby e David Frost. O novo presidente terá mandato de quatro anos e salário superior a US$ 150 mil por ano.

Comissão diretora em jogo

Antes mesmo de se conhecer o novo presidente da BBC, já se sabia que possuiria uma tarefa cascuda pela frente: o plano de abolir a famosa comissão diretora da corporação. Tessa Jowell disse no dia 28/3/04 que uma das primeiras atitudes do novo presidente deverá ser derrubar o tão criticado sistema regulador da BBC.

De acordo com reportagem de Matt Wells [The Guardian, 29/3], a diretoria da BBC, chamada de ‘board of governors‘, já discutiu três opções de reforma: tornar-se mais independente da BBC, saindo do prédio da corporação; tornar-se um órgão regulador completamente separado; ou abolir-se, deixando a regulação da BBC sob os auspícios da Ofcom, nova reguladora da mídia britânica. A segunda opção, apelidada de ‘Ofbeeb’ (‘Beeb’ é alcunha da BBC dada pelos britânicos), é a mais provável.

Muitos críticos da corporação afirmam que o relatório Hutton, cujas conclusões tentaram elucidar o conflito entre o governo e a BBC no ano passado – que culminou no suicídio do cientista da Defesa David Kelly, fonte da BBC –, expôs a impossibilidade da comissão diretora proteger a independência da emissora e, ao mesmo tempo, garantir que sua administração esteja cumprindo as regras.

No ano passado, uma reportagem publicada no programa de rádio Today, da BBC, dizia que o governo de Tony Blair havia propositalmente exagerado em um dossiê sobre armas de destruição em massa no Iraque para, assim, tornar mais forte a justificativa do envolvimento da Grã-Bretanha com a guerra.

Além do destino da comissão diretora, outra questão a ser encarada pelo novo presidente é a função de diretor-geral, antes ocupada pelo carismático Greg Dyke. Há planos, supostamente em estágio embrionário, de separar a posição de editor-chefe da de diretor-geral.