Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Microsoft tira do ar blog de jornalista

A Microsoft confirmou, na quarta-feira (4/1), que tirou do ar o blog do jornalista Zhao Jing, que utilizava o serviço MSN Spaces, alegando estar cumprindo as leis da China. A blogueira Rebecca MacKinnon, ex-chefe da sucursal de Pequim da CNN e agora pesquisadora do Berkman Center for Internet and Society da Faculdade de Direito de Harvard, foi a primeira a divulgar que o blog de Jing havia sido retirado do ar pela Microsoft na véspera do Ano Novo, sendo substituído pela mensagem ‘Este espaço está temporariamente indisponível. Por favor, tente novamente mais tarde’.

Jing, que assinava como Michael Anti, está entre os blogueiros chineses que ganharam popularidade no país comunista, onde a mídia é amplamente controlada pelo governo. Ele havia debatido em seu blog a greve dos funcionários do Beijing News em dezembro último, em protesto à demissão do editor do jornal. ‘Eu nem mesmo disse que apoiava a greve. A ação da Microsoft está infringindo meu direito de liberdade de expressão. Eles apagaram meu blog sem me avisar e não me deram chance de fazer um back up de meus arquivos’, disse Jing, que também trabalha como assistente de pesquisa na sucursal de Pequim do New York Times. Ele afirma que pretende usar um outro blog, que ainda está em fase de testes, para substituir o antigo.

Respeito às leis, ajuda ao governo

Em declaração, a Microsoft informou que a decisão teve o objetivo de ‘garantir que seus produtos e serviços estivessem de acordo com as práticas, normas e leis locais e globais’. ‘Este é um assunto complexo e difícil. Nós achamos melhor estar no país e fornecer nossos serviços do que não estar’, afirmou Brooke Richardson, gerente de produtos da MSN em Seattle.

A empresa não é a primeira a ajudar o governo chinês no controle da mídia local. Em setembro, a Yahoo! forneceu informações sobre a conta de e-mail pessoal do jornalista Shi Tao, o que contribuiu para sua condenação de 10 anos de prisão pela acusação de divulgar segredos de Estado.

Não é incomum que ferramentas de busca americanas, como o Google, MSN e Yahoo!, censurem resultados em chinês a pedido do governo. No ano passado, a China aumentou o controle sobre a rede, mas tenta fazer com que isto não prejudique o crescente mercado de internet no país – que é o segundo maior do mundo em número de internautas, ficando apenas atrás dos EUA. Informações de Antone Gonsalves [TechWeb News, 4/1/06] e de David Barboza e Tom Zeller Jr. [The New York Times, 6/1/06]